Brigas caseiras inúteis por motivos culturais sobre gerações.

     Não há lugar como o nosso lar. Não há lugar como o nosso lar. Não há lugar como o nosso lar. Doroti, a menininha do belo filme “O Mágico de Oz” repetiu a frase exatamente três vezes par que enfim, pudesse sair do mundo de Oz direto para a sua calma e confortável casa. Será que a casa dela seria mesmo o melhor lugar? Que me lembre ela brigava com sua tia, era perseguida por uma vizinha coroa mal amada e seus únicos amigos eram os três funcionários da fazenda de seus tios e, claro o seu serelepe, faceiro e polêmico cãozinho Totó.

     Mas até aonde nossa casa é o centro da felicidade? Segundos fontes quase setenta por cento dos jovens de hoje sonham morar sozinhos. Muitos para somente poderem andar nus pela sua casa sem que suas mãe lhes digam para colocar um short, pois há mulheres no recinto. (Meu caso). Outros para poderem dormir peladões e assistirem a todo e qualquer conteúdo na televisão, de filmes infantis a clássicos pornôs, sem que haja olhares de reprovação. (Meu caso também). E por fim, os que querem somente um pouco de paz e serenidade depois de um longo dia de trabalho ou de simplesmente ócio intenso com doses cavalares de pensamentos inúteis e sexuais. (Meu caso até certa parte).
     Por fim, com o passar dos anos nossa casa deixou de ser o lugar maravilhoso de paz e tranqüilidade. Para se ter uma idéia muitos jovens preferem ficar na rua até tarde, fazer serão no trabalho só para não ter que se aborrecer na própria residência. E isso não é saudável.
     Quem de nós não tem uma avó chata que fica lembrando que na época dela as coisas eram diferentes. Quem de nós não tem uma tia chata explicando diariamente que se deve respeito á ela, pois é formada, letrada, concursada e um monte de outras –adas que não vou seguir em frente para não ser chamado de um cara contra os valores da família brasileira. Todos nós já passamos por estes sermões que só terminam quase duas horas depois de começarem. Às vezes o assunto até mudou, mas o parente-serpente está lá, falando,falando,falando parecendo ás vezes fazer isso com o simples intuito de nos irritar, ou simplesmente nos deixar avisados que todas as vezes que não nos comportarmos segundo os padrões que eles nos ensinaram, essa falta irá ser seguida de um sermão.
     É complicado. Por exemplo nos dias de hoje, adultos não toleram jovens que discutam. Se sua mãe disser que a bandeira brasileira é verde e você disser que após o meio-dia e com um sol incidente ela parece verde-água aos seus olhos. Isso será motivo suficiente parta que sejas tachado de sem educação, mal criado, desaforado, e se isso acontecer em um dia de mal humor, quem sabe até um ingrato saia dos lábios dela. É difícil entender. Tudo bem, eu até entendo que na época deles as coisas eram mais fáceis por um lado e difíceis por outro. Sei que passaram por muitas dificuldades até conseguirem se estabelecer financeiramente nos dias de hoje, mas para que nos lembrar disso? Qual seria o motivo? Sei lá...Nos fazer enxergar que com muita luta chegamos lá? Disso já sabemos. Por isso corremos atrás de empregos. Só que está difícil de achar. Complicado mesmo. E após um dia inteiro entregando currículos, se você não consegue nada, dá a entender que não procuramos direito.
     Acho que a imagem que os mais velhos tem dos jovens de hoje é um pouco equivocada. Somos a geração sem cérebro. Só porque pegamos o crescimento intenso da internet. Se eles precisavam ler livros e mais livros para entregar trabalhos nas escolas ou faculdades dos anos 70, nós hoje “jogamos” no GOOGLE a palavra-chave e pronto! Tá lá o que queríamos em menos de dez segundos. Se eles encontraram dificuldades para se expressarem devido à ditadura militar, nós hoje também encontramos dificuldades para nos divertirmos devido á violência. Não somos mais ligados no nosso corpo mais do que no cérebro. Nos dedicamos á malhação, mas aposto que nunca se foi tanto ao cinema e ao teatro como se vai hoje, e se forem pesquisar quem é a massa nesses centros, verão que somos os jovens. Estamos lá, aprendendo (tudo bem que de uma maneira mais fragmentada) mas lá estamos.
     Agora me diz se são motivos para se brigar? Motivos como esses não levam a nada. Devíamos nos juntar e um aprender com o outro. Sem preconceitos, sem orgulhos. Simplesmente se entregar e pronto. Quantos jovens não gostariam de saber mais sobre o golpe militar? Muitos. Muitos nem sabem que foi Getúlio Vargas. As escolas se preocupam em ensinar a história da maneira fria de sempre. Falando das navegações, das colônias e pronto. Acabou!
     Sem contar a infinidade de coroas que adorariam entender de MSN,ORKUT e das gírias de hoje. Das mudanças nos sentidos das palavras, dos sinônimos, das adaptações aos seus significados. Como por exemplo o fato de Professor de ginástica ter virado Personal Trainning; Ou de um simples “Me dá seu telefone?” ter se transformado em “Me add no Orkut?”; E ainda a brutal mudança em que o radinho de pilha acabou dando lugar aos I PODs da vida. Entre outras mudanças que se for listar, só mostrará a diversidade das coisas que podemos encontrar aprendendo com os coroas e eles aprendendo com a gente.
     Em momento algum quero que pensem que estou organizando um motim contra geração Coca-Cola. Só estou tentando firmar a hipótese de que não somos uma geração sem peso na história como alguns afirmam. Somos uma geração contestadora. Uma geração diversificada, sem preconceitos e com muito amor pra dar. Ok, somos irresponsáveis e vivemos À mil por hora, e talvez não tenhamos um gosto musical muito apurado (muitos jovens preferem JOVEM GUARDA à grupos de pagodes melancólicos e os batidões sem sentido do funk carioca que ganhou o mundo, mas não somos tão cabeça oca. Somos politizados, não rebeldes sem causa como muitos até hoje. Com certeza há jovens por aí que não estão nem aí par o Brasil, não sabem o que são royalties, e odeiam o Lula e nem sabem por que, ou simplesmente porque um cara disse na tevê que ele era um mal político. Mas também havia pessoas assim na década de 70 e 80.
     Devíamos unir nossas forças, como já disse. Ensinamentos de cá pra lá e de lá pra cá. Assim, poderíamos até quem sabe fazer do Brasil um país exemplar. Mentes jovens sabem pensar. Com um computador do lado então..Nossa, a gente voa nas idéias. E se colocar um IPOD no último volume e simplesmente não absolutamente nada do que sua mãe está resmungando sobre surdez precoce e falta de respeito, Putz! Não haveria maneira de pensar melhor.
Fael Velloso
Enviado por Fael Velloso em 25/03/2010
Código do texto: T2159446
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