A PIRÂMIDE DO PLANALTO

C
inquenta anos são poucos para a intensa e conturbada vida de Brasília, quão  longo é o tempo a registrar-lhe a história.

Guardada em monumentos, num deles preserva-se a cultura, numa obra de arte inspirada em uma das sete maravilhas do mundo, modernamente adaptada pelos traços de Niemayer. O Teatro Nacional Cláudio Santoro é uma réplica de uma das pirâmides do Egito, aqui no Planalto Central. O mesmo exterior imponente, a mesma grandiosidade interior, subdividida por outros labirintos que levam os visitantes a três salas de espetáculos, com suas respectivas finalidades. Sala Alberto Nepomuceno, Sala Martins Pena e Sala Villa-Lobos. Esta, a maior e mais suntuosa, em cujo palco aconteceram e acontecem espetáculos memoráveis.

Muitos desses eventos marcaram-me definitivamente a vida e, de modo indelével, povoam as minhas lembranças. Em minha adolescência, os concertos para a juventude, nas manhãs de domingo, posteriormente mudados para os atuais concertos às terças-feiras, à noite.

Seguramente ali foi plantado em mim um apurado gosto musical, cujo mérito não é meu, mas de quem a ele me conduziu e me incentivou. Se hoje eu não sou um músico, foi por contradição da genética, pondo-me em lado oposto a alguns familiares. Mas, de certa forma, tornei-me um assíduo frequentador do Teatro Nacional, quer nos concertos, quer em peças de teatro ou em shows de música popular. E toda vez que o frequento, ou mesmo ao vê-lo à distância, sinto que parte da minha história está ali também guardada. Espetáculos inesquecíveis, a citar, resumidamente, a presença marcante e a voz única de Mercedes Sosa, Edith Piaf na magistral interpretação de Bibi Ferreira. E assim Chico Buarque, Maria Bethânia, e tantos outros que ali brilharam. Um deles, de modo especial aqui o relembro, quando pude assistir a um show de um artista completo. Um “três em um” por excelência: João Bosco, excelente compositor, ótimo cantor, de variado recurso vocal. Um violonista virtuoso. Dele, a música e a interpretação de Corsário sugiro que ouça no áudio postado por mim no Recanto das Letras, quem ler esta crônica.

Enquanto isso, vou ficando por aqui, ao som das minhas lembranças, que se confundem com as mesmas que me trazem o Teatro Nacional, esta não menos majestosa e curiosamente visitada pirâmide, por ser muito mais que isso: um glorioso templo da arte e da cultura no coração do Brasil
.

* Foto Google.

* Caríssimos,
infelizmente o áudio a que me refiro, após tê-lo postado foi excluído
pela equipe do RL.  Peço-lhes desculpas.
H.

LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 25/03/2010
Reeditado em 04/04/2010
Código do texto: T2159309
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