Nação paralela do crime
Estamos assistindo, novamente a uma demonstração de poder de uma nação paralela, o crime organizado. Agora se apoderaram de um repórter e fizeram exigências de espaço na mídia. O espaço já foi concedido,e o repórter foi liberado após 40 horas de cativeiro, feliz por ter escapado com vida.
Sabemos que há, todos os anos, uma grande quantidade de jornalistas que são sacrificados em nome de sua missão, que é a de manter um dos pilares da democracia: a informação e a liberdade de informação. É comum que repórteres morram em países em guerra. Afinal, estamos em guerra?
Há algum tempo, o repórter Tim Lopes foi, também, sacrificado com requintes de crueldade. Estávamos, na época, esperando as eleições de 2002, com a expecatativa de que tudo pudesse melhorar, e o repórter fazia as suas denúncias sobre o poder do crime organizado no Rio de Janeiro.
A morte de Tim Lopes colocou o tema da violência urbana em toda a imprensa nacional e internacional. A indignação foi grande, e não descansamos enquanto os seus algozes não foram condenados. Portanto, mesmo com o seu sacrifício pessoal, o reporter cumpriu o seu papel de informação e de denúncia.
Parece que continuamos informados. Estamos, de novo, esperando as eleições, como se esperássemos, eternamente, Godot e, rigorosamente, a situação não mudou, está até pior.As condições carcerárias continuam insatisfatórias, como sempre foi, a sociedade continua gerando marginais em profusão...
Mas o que impressiona é o maior poder da organização paralela. Parece que são mais organizados que nós, que conhecem nossos passos, que podem nos pegar 'a qualquer momento, assim como pegaram o repórter da Globo. E contra esse temor não há discurso capaz de nos tranquilizar.