O poder da necessidade
Cobria-me,o mais quanto podia, coas bordas do casaco, para evitar o frio, que enfeitava aquela tarde de junho na pequena cidade de cascavel, oeste do Paraná.
Saí para andar a esmo , na tentativa vã de fugir dalguns problemas, insistentes em atordoar minha cabeça. Incomodavam-me mais que o zero grau.
Avistei, noutro lado da rua, um homem cuja manga da camisa enrolada, denunciava não ter um dos braços. Ele tirou de um dos bolsos, um maço de cigarros. Sacudiu-o com certo estilo e praticidade. Alguns cigarros apontaram fora. Abocanhou um e devolveu ao bolso o pacotinho. Tirou em seguida, do bolso da calça, uma caixa de fósforos. Mais que depressa, apanhei o meu isqueiro. Já ia atravessando a rua para ajudar aquele homem a acender o seu bastão nicotinoso, decidido a doar-lhe o meu isqueiro depois de faze-lo. (Ora! alguém com apenas uma mão deve usar isqueiros.)
Mas tal foi minha surpresa, que parei ainda em meio a pista; por sorte nada movimentada.
Em apenas poucos segundos, o homem abriu a caixa ,tirou um palito e o riscou, acendendo o seu cigarro. Não preciso dizer, com apenas uma mão.
Ele percebeu minha presença e,obviamente, o meu espanto, qual certamente não lhe era incomum. Cumprimentou-me com um aceno de cabeça retomando sua caminhada.
Acabei de atravessar a rua e parti para o bar mais próximo, onde comprei uma caixa de fósforos.
Acabei com todos os palitos tentando reproduzir o feito daquele homem, pra ele tão simples.
Depois de ter as cabeças dos dedos queimadas, resolvi voltar para casa, e ,nunca mais, tentar esquecer os meus problemas.