UM ERRO JUSTIFICA OS OUTROS?
- Quer saber, minha amiga? Estou cansada de ficar correndo atrás da boa forma, porque é “bom pra saúde”, você acrescenta alguns anos a mais em sua vida e é mais bem aceita na tal sociedade de magricelas empalitadas. Passei dessa fase, vou tomar jeito.
Cansei de começar regimes que nunca termino, de comprar vitaminas que “combatem os radicais livres” e de me violentar, mudando toda a minha rotina de anos. Fazer dias e dias de “desintoxicação” para depois quase morrer e emagrecer 300 gramas. Basta!
- Mas você já não sabia que isso não resolve nada e que emagrece mesmo se fechar a boquinha, ou, então, conformar-se em ser como é?
- O pior é que sei de tudo isso e, novamente, caí em mais uma daquelas. Fiz a tal da desintoxicação e quase morri, no fim do dia, de enxaqueca, dor de estômago e fraqueza.
- Nossa! Mas o que acontece com você, amiga? Afinal, você nem está gorda, coisa nenhuma! Ficou doida, é?
- Sei lá, insegurança, talvez, sempre fui muito magra e agora, com o peso da idade, o peso do corpo também aumentou. Ou, então, vai ver que o espermatozóide que me “fabricou” estava com a validade vencida. Fiquei “nóia”, desorientada, imbecil! Ai... Que ódio de mim mesma, por não cumprir as promessas que me faço, sempre que me dou mal!
- Gorda estou eu, minha filha, depois de parir três filhos, em curto espaço de tempo, e sem nenhuma vontade de fazer nada para emagrecer, tinha que ficar assim. Ainda mais depois que meu marido dorme no sofá, há meses, porque “não tem tesão em mulher gorda!”
- O quê? Ele teve a coragem de dizer isso? E você, o que fez? Não lhe respondeu que, depois de tudo pelo que passou, ainda está muito melhor do que ele? Que, se você engordou, ele envelheceu e ficou mais careca do que já era? Eu, heim! Que fdp! Ah... Minha amiga, meu marido que não se atreva a me dizer um absurdo desses! Vai ouvir muito!
- Não vale a pena discutir. Deixei pra lá e vou mostrar-lhe o resultado dessas nossas caminhadas todos os dias, nos fins de tarde (quando não chove) claro!
- É assim que se fala, minha amiga! Vam’bora, então, aumentar o ritmo, antes que comece a chover novamente! Neste raio de cidade não pára mais de cair água! E o parque hoje está lindo, neste fim de tarde! 'Bora parar de falarmos, coloque aí seu headphone, eu farei o mesmo, e vamos deixar que a música nos leve pelas veredas deste parque, até suarmos muito!
(Milla Pereira)