Manutenção

Há algum tempo, pelo andar da carruagem, ela definia namorado como "manutenção". Na verdade substituía os termos. Namorado era peça rara nos dias atuais. A manutenção era mais simples. Bastava o “cara” ser bom e fazer o serviço direito. E, dentro dessa teoria, ela se mantinha viva - sexualmente falando.

Para manter a 'máquina' em funcionamento, e conservá-la, a manutenção era a saída.

Tudo no bom sentido, claro. Pois sexo, dentro da sua concepção, é qualidade de vida. Em certo dia, lendo sobre o assunto, a surpresa: sexo é bom até para gripe. Embora parecesse meio exagerado, acreditou de imediato. Afinal, há quem diga que sexo é o 'termômetro da alegria'. No seu caso, era 'a cura'.

O mal humor, muitas vezes, denuncia a falta de sexo na vida das pessoas. Associava crises nervosas, alterações de humor, ressentimentos e qualquer amargura, à falta de sexo (sexo bom, claro!). E, mais ainda, dizia que quem não transa não é feliz. Não podia acreditar na vida sem sexo.

Mas sofria em ter que reprimir alguns de seus conceitos, devido às convenções. Existiam pessoas do tempo em que o sexo só era permitido depois do casamento. Valia-se de Deus, ao pensar nisso, pois jamais pensou em se casar. E, nesse caso, não transaria?

Certa vez, relatando fatos da sua vida, algo que me causou espanto. Tinha encontrado um par, talvez o ideal, mas se ferrou. De tanto falar em manutenção, na tentativa de simplificar as coisas, encontrou um que confundiu tudo, assim como tantos outros ainda farão.

Ele a convidou para sair. Ótimo, pensou, é a minha grande chance! Feito o convite, o jovem declarou suas dificuldades: O tempo - só poderiam ficar juntos por uma hora; A grana - estava sem, era preciso que ela pagasse as despesas com o motel; A cerveja - descaradamente ele disse: "já que vocês estão bebendo em casa, aproveita e traz duas latinhas pra mim!"...

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 23/03/2010
Reeditado em 08/11/2010
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