A INÚTIL ARTE DO "HOMEM NU"
Mais vestido do que nu, lá vai ele ansioso testar a “Bondade de estranhos” na "Biemau", claro, num ambiente bem propício, muito controlado, mas sem muitas perspectivas de sucesso. Como um único grão de arroz na panela de pressão, ele se destaca pela solidão do imenso Pavilhão. Dias passam, e ele com sêde, fome e calado. De repente, conforme esperado, começa a receber algo contrabandeado de alguns dos seus, desesperados... Não apresentando nada de anormal, aos poucos ele vai se despindo da preocupação com que recebe incrédulos, pseudo-bondosos, emocionais, exibicionistas, curiosos e psícos. No início da performance, sem dúvidas, causou impacto, alguma reflexão e difusão. Dias após, nada mais causava, a não ser a frustração de não vê-lo mais nu, quebrando um tabu. A mídia nada mais comentava sobre o tal “Homem nu”, a não ser sobre a indignação dos "amantes da boa arte" e sobre o custo de tudo aquilo para nossa cultura e bolsos.
Penso que, melhor, mais real e reflexivo seria testar, na próxima Bienal, a “Maldade de estranhos” colocando cestos de tomates, ovos e laranjas, tendo a frente, como alvo, um homem vestido.