CONSULTA MÉDICA

Final de semana ensolarado e, como de hábito, o Daniel marcou de fazer uma costela de porco assada com batatas lá em casa, experimentando receita nova que ele pegou com um dos médicos seus colegas, sujeito, como ele, metido a “chef” nos momentos de lazer. E, claro, ele traria o Tomás, meu neto irrequieto de quatro aninhos (quase cinco). Aí, sim, a festa estaria completa! ...

Chegaram, o lourinho espoleta adentrou o apartamento já pedindo pra ver um “DVD” novo (“O mar não está para peixe”), o Daniel carregando a sua tralha de “cozinheiro” (panelão, facas especiais, colher de pau, moedor de pimenta, condimentos, ervas, etc., etc.) e muita vontade de fazer bonito, eis que a Karina, sua “fofa”, de plantão médico, viria mais tarde para almoçar conosco.

Enquanto a Dona Mari foi pra cozinha com o Daniel, Tomás e eu fomos pro quarto do meio, aposento que ele chama de seu (“- Vô, esse quarto é meu! Na minha casa manda o meu pai e a minha mãe, aqui mando eu, vô! ...”). Está certo, é isso aí. Eu concordo em tudo por tudo com ele, pois, sinceramente, não tenho coragem e nem a menor vontade de contrariá-lo.

Vimos o filme do “DVD” então, uma, duas, três vezes, o Tomás insaciável, curtindo adoidado a história do Tubarão “Troy” com dois peixes amigos, ambos de mau caráter, aprontando horrores com os peixinhos miúdos do fundo do mar. Nesse ínterim, ele requisitava, de quando em vez, a Vovó Mari pra pedir tudo que tinha direito, suco de laranja, sucrilhos, banana com aveia, isso só um aperitivo para o almoço, eis que o pequerrucho sempre foi bom de garfo.

Finalmente a costela de porco ficou pronta, a doutora Karina chegou do seu plantão e fomos todos curtir a proeza culinária do doutor Daniel:- um belo assado com batatas, salada, arroz à grega, feijão tropeiro, um vinho tinto italiano e o diabo a quatro. A seguir, a bela e tradicional salada de frutas preparada carinhosamente pela Vovó Mari e depois um descanso geral , ouvindo música seleta, um presente para os ouvidos, e o papo descontraído.

O Tomás me chamou pro quarto do meio, ajeitei travesseiro e almofadas, ele se esticou na cama de solteiro, olhou-me meio mole com seus olhos amendoados e falou:-

“- Vovô, eu preciso falar com um veterinário! ...”

“- Uai, Tomás, falar o que? Seus pais são médicos, fale com eles! ...” - E ele, de olhar fixo e com aquela firmeza peculiar:-

“- Sabe, vô, é que um dos meus “dinos” (ele possui um time de dinossauros) tá com a perna quebrada! ...”

-o-o-o-o-o-

B.Hte., 22/03/10

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 22/03/2010
Reeditado em 22/03/2010
Código do texto: T2152912
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.