Me sinto triste! Sofro com minha igreja!
Hoje sinto vontade de chorar. Sim me sinto triste. Alguns meses atrás uma renomada instituição religiosa, e uma grande emissora de televisão, se viram envolvidas em escândalos financeiros e acredito que os fiéis devem ter sofrido um gosto amargo de certo enganamento, pois alguns, acredito eu, se sentiram traídos pelos que se diziam intermediários de Deus.
E hoje me sinto assim por ver a instituição religiosa à qual pertenço envolvida em denúncias morais. Não vou dizer aqui que a mídia deseja nos destruir, ou que são forças demoníacas que atacam a mais sólida das representações do cristianismo. O mundo católico se sente golpeado, sim eu me sinto golpeada. As denúncias envolvendo a igreja da Irlanda me atacam também e me ponho a pensar nas vítimas, nos menores, que hoje já não são assim tão menores, mas que um dia se viram envolvidos e traídos por aqueles que se diziam representantes de Deus na terra. Sinto um gosto amargo e sofro. Sofro por que sei o quanto é difícil enxergar a face de Deus através das turvas lentes que temos em nosso olhar. Sofro por que sei que Deus será o mais atacado e a mensagem do cristianismo a mais desacreditada. Sofro por que sei que as vítimas levarão muito tempo para se reconciliar com este deus que parece um abusador e aproveitador. Sofro por que talvez a impunidade, o esconder tudo debaixo do tapete, ou a famosa rodada de pizza, não aconteça apenas na política.
Nosso chefe maior, o Papa, pede para que não se julguem os sacerdotes envolvidos nas denúncias, parece ter sobrado até mesmo para o irmão do Papa, mas que se deve repudiar os pecados e dar abrigo aos pecadores. Ah como desejaria que tal prática fosse extensiva para toda a grande leva de católicos que muitas vezes se vêem julgados, condenados e lançados no fogo do inferno antes mesmo de terem morrido. Concordo com o discurso do Sumo Pontífice católico e concordo não pela força da palavra dele, mas por acreditar que se deve mesmo repudiar qualquer ato que vá contra a dignidade humana, mas que a pessoa precisa ser acolhida como pessoa e amada como filha de Deus independentemente de sua condição, de sua posição, de seu cargo, de seu título, enfim independente de quem seja.
Hoje me sinto triste por ver minha igreja envolvida nessas denúncias e em tantas outras e me sinto assim, por que sei que não se levará em conta a vida de tantos homens e mulheres que se doam pela fé e seguem na sinceridade e no respeito. Me sinto triste por que sei que muito irá se falar, muito irá se noticiar e talvez bem pouco irá se resolver, mas por acreditar que Deus é maior que isso e que a mensagem do Evangelho suplanta tudo, ainda inclino a cabeça e agradeço à Fonte da Vida por me ajudar a seguir sem tantos intermediários e peço que a fé dos simples, em sua simplicidade, nem tome conhecimento dos limites da fraqueza humana e nem das limitações que podem ter os, muitas vezes, ilimitados intermediários de Deus na terra.
(palavras nascidas de um coração que abraçou o cristianismo e que encontra no catolicismo a forma de professar a fé cristã. Como fiel católica escrevo é a minha queixa, não desejo ofender nenhuma outra denominação cristã ou religiosa.)