Amado e Temido
Pelo que já ouvi, li e vi nas minhas andanças por quatro Estados do Nordeste, poderia imaginar que quase todos os governantes políticos seguem o pensamento de Maquiavel, principalmente o de que “os fins justificam os meios” para se chegar ao poder. Mas, também posso imaginar que nem todos leram seu livro “O Príncipe”, pois muitos deles se enquadravam nos chamados “analfabetos funcionais”, que não são capazes de interpretar o que leem. Então, posso deduzir que faz parte da índole da maioria dos políticos, independentemente de sua formação escolar. O próprio Maquiavel admite que o governante deve usar a lei e a força, principalmente a última, porque nem todo o povo é bom. Da mesma forma, diz que “temido” sobrepõe a “amado”, quase pela mesma razão da qualidade de seu povo.
Saindo da minha região e até mesmo do país, temos o exemplo de alguns governantes ainda no regime ditatorial, cujas pesquisas de aceitação popular chegam a atingir quase 100%, não por serem amados pelo seu povo, mas por serem temidos. Não se pode negar que há também um grupo de fanáticos que os endeusam e por eles matam e morrem. Ninguém, por pior que seja, deixa de ter aliados, em função dos próprios interesses. Por isso, um mesmo governante pode ser amado e temido. Amado por uns e temido por outros.
Volto agora para a minha região, onde os resquícios do coronelismo ainda persistem, levando a muitos candidatos serem eleitos não por serem amados, mas por serem temidos. No meu conto “A Eleição do Coronel”, fica evidente o temor de se votar contra, a exemplo daquela frase alterada no muro, onde estava escrito VOTE EM FULANO DE TAL, antecederam um NÃO e depois o candidato mandou acrescentar PRA VER O QUE ACONTECE. Pra que maior exemplo de intimidação?
A força menor nunca vai combater a força maior. É a lei da sobrevivência. Onde a lei não prevalece, teme-se a força.