CARTILHA DO POLITICAMENTE CORRETO
Li, num site da Internet, que o governo federal lançou, em 2005, uma cartilha para suprimir algumas expressões consideradas grosseiras e preconceituosas. O escritor João Ubaldo considerou a atitude arbitrária e exigiu o recolhimento da cartilha. O movimento feminista chiou com o poderio do escritor. Desavenças e opiniões divididas à parte, transcrevo algumas expressões contidas na Cartilha:
* A COISA FICOU PRETA: conotação racista, pois associa o preto a uma situação ruim.
* AIDÉTICO: termo discriminador; o correto é HIV.
* ANÃO: preconceito que reafirma o estígma de engraçado. Mas o fato de ser anão, não afeta a dignidade.
* BAIANADA: atribui inabilidade no trânsito aos baianos. Preconceito racial como a malandragem carioca , a esperteza do mineiro, etc.
* BAITOLA: deprecia os homossexuais, como bicha e boiola. O correto seria gay.
* CABEÇA-CHATA: termo que insulta os nordestinos, especialmente os cearenses.
* GILETE: o correto é bissexual.
* LADRÃO: aplicado aos pobres, porque os ricos são chamados de corruptos, demonstrando que até xingamento tem divisão de classes.
* SAPATÃO: discriminação às lésbicas.
Para finalizar, transcrevo partes de um escrito da jornalista Fatima Oliveira, intitulada "Tolerância Zero para DENEGRIR": "Denegrir é um vocábulo racista... em português só há duas expressões de uso popular que não se referem a coisas ruins contra pessoas negras: GRANA PRETA que significa muito dinheiro, e COCADA PRETA que, segundo especialistas, é a melhor cocada... as demais expressões sempre significam depreciação... são ditos de cunho racista". E ela cita um exemplo nada bonito: o Arcebispo de Salvador, Cardeal Geraldo Magella, ao rebater as críticas do teólogo Leonardo Boff sobre o Papa Bento XVI, disse que muitas pessoas, ao contrário de Boff, nunca abriram a boca para DENEGRIR a Igreja, o Evangelho e o Papa.
Por isso, segundo a jornalista, é importante o lançamento da "Cartilha Politicamente Correta", na qual estão elencadas expressões de conotação pejorativa e/ou discriminatória para grupos como gays, lésbicas, negros e mulheres.
Essa discussão, lança, recolhe, não lança, vem desde 2005. Até novembro/2009 a celeuma continuava. Admito meu desconhecimento, se foi ou não lançada definitivamente, após essa data. Pelos comentários que li, os internautas se dividem. Mas, a grande maioria não concorda com a Cartilha, dizendo, entre outras coisas, que:
_ "o bom senso e a ética é que devem impor a adoção ou não de determinadas expressões";
_ "sugerir é uma coisa, proibir é outra";
_ "é uma porcaria igual a cota para negros";
_ "viva a liberdade de expressão!".
Recantistas, meus amigos poetas e cronistas, críticos e conscientes, julguem vocês.