Damião Ramos Cavalcanti

SAMUEL DUARTE, O POLÍTICO

      
      
Wellington Aguiar e José Octávio confirmam o orgulho de Samuel Vital Duarte ao afirmar ter lutado, com ações e palavras na Revolução de 30; dedicar-se à vida pública, mesmo obstado pelos excessos de modéstia. Pois, faltava a Samuel o que o Seminário, escola de altruísmo e solidariedade, nunca ensinou: enfrentar o frisson da competição, o frêmito da concorrência, cujo elã é motivado mais pelos interesses pessoais do que pelos solidários. Não lhe bastava seu excepcional valor para levá-lo às mais altas funções: mantinha-se à espera de quem desse vez a um homem culto, honesto, competente e de ideias. De tanto esperar, desesperançou-se: “Não nasci para as grandes altitudes”, embora as desejasse.
       Samuel Duarte, Diretor de A União, no governo de Antenor Navarro, realizou excelente trabalho. Cassado pelo então golpe de Estado, quando Deputado Federal de 1934 a1937.  Nesse intermezzo, assessora o Jurídico do Banco do Brasil em Recife. Com o falecimento de Borja Peregrino, Rui Carneiro o indica para a Secretaria do Interior e Justiça, que, à época, equivalia à Vice-Governadoria. Nos últimos dias do Governo de Getúlio, a pedido de Rui, Samuel é, por pouco tempo, interventor na Paraíba; logo após, passa a advogar. É eleito, em 1945, pelo PSD, Deputado Federal e membro da Comissão de Constituição e Justiça; entre 1947 e 1949, assume, por duas vezes, a Presidência da Câmara, impondo-se pela erudição e domínio dos assuntos legislativos. Em 1950, é cotado para Vice – Presidência da República, na chapa de Getúlio Vargas. Mas, nesse mundo, não crescem, a contento, árvores que sombreiam; avantajam-se árvores medianas ou de pequeno porte. Assim, Samuel sempre foi vítima do seu próprio valor.
          Na Câmara Federal, demonstrou altivez, autorizando Gregório Bezerra, líder do PC cassado por Dutra, a pronunciar contundente discurso. Não se candidatou à Câmara em 1954, fazendo-o em 1958, derrotado por Rui que transferiu seus votos para o irmão Jandhuy Carneiro e por ele apoiar o divórcio, incluído então no “index prohibitorum” dos candidatos divorcistas. Como Partidor Judicial, permanece no Rio de Janeiro. Até que se elegeu Presidente da OAB de 1967 a 1969; a partir de então, destacou-se, com o Cardeal Evaristo Arns, contra a repressão, em defesa das liberdades democráticas. Morre, em três de dezembro de 1979, no Rio, onde está sepultado esse digno e corajoso imortal paraibano.