QUEM PRECISA DE AUTO-AJUDA?
Não sei se prossigo ou se viro à direita ou à esquerda. Mas como mudar o percurso se estou andando em linha reta, ou seja, não tenho escolhas a não ser a continuar caminhando. Mas como continuar caminhando se não sei onde essa estrada me levará? O que me intriga é que eu não me lembro de ter tomado essa decisão - a de continuar caminhando, apenas prossigo.
O que eu penso encontrar ao final desses passos incertos sinceramente...Não sei, e prefiro assim, pois, fui concebido em meio aos faz-de-conta. Às vezes penso ser uma espécie de Holden Caufield, só que com uma diferença em termos de idéias e objetivos. É gritante o desfecho de tudo isso, primeiro eu digo que não tenho escolhas e agora falo em ideais. É justamente nesse sentido que me sinto meio apanhador de alguma coisa, quem sabe, de incertezas.
Saindo da estufa vejo o quão miseráveis nos tornamos a ponto de depender de sucessos voluntários, auto-ajuda. Sou ensinado, talvez adestrado a aceitar o modo de vida, tenho que ter o espírito aguerrido, onde reina a pujança de um ser robótico, líder nato. Porque eu tenho que ser igual ao Jack Shackleton? Não sou comandante de nada, nunca estive a bordo de um navio rumo a uma expedição à Antártida, mas mesmo assim eu tenho as minhas dificuldades gélidas. Porque temos que nos apegar ao presente modelo de vencedores, e assim nos tornarmos vencedores por tabela, para assim, agradar uma ninharia de formadores de opinião, ou até mesmo, uma medíocre parcela da sociedade, que ao contrário, da maioria até mesmo do meu alter-ego, foram bem concebidos dentro de suas próprias mazelas regadas a estilo de vida promíscuo da mais fina camada social.
Revoltado? Nem um pouco! Como pensar é transgredir estou transgredindo as intransponíveis barreiras do comodismo mental. Soa meio cacofônico, mas às vezes penso que realmente estamos em uma imensa escola, onde a matéria primaz é a de atrofiar a massa cinzenta. Como podemos conceber essa idéia de aceitar tudo, mesmo que forçados, como uma criança que repugna ao ter empurrado goela abaixo uma folha de espinafre, só porque a mãe em sua sabedoria materna diz que isso é bom para saúde. A partir desse pressuposto tenho a idéia de como somos iletrados a ponto de digerir receitas, modelos, e testemunhos eloqüentes de palestrantes que dizem ter revolucionados suas medíocres vidas a partir desse modelo. Isto posto, poderia ser tudo uma mistura de revolta e insensatez, se não fosse pelo fato de simplesmente estar pensando se dou continuidade a uma estrada cheia de um círculo vicioso, ou se, realmente eu paro e reflito nas estórias de sucesso de um determinado comandante inglês, ou se, me privo por aceitar os belos conselhos carregados de um sarcasmo charmoso de nossa gaúcha Lya Luft.