ESTRANHAS ABORDAGENS


Estavas aí tão distraída em tua solidão e escudada em lições aprendidas não sem grandes perplexidades e  causadoras de tantos dissabores e desencantos através da tua longa caminhada por estas paragens virtuais. Mas há sempre ainda um momento em que somos pegos desprevenidos e tua fragilidade se pôs novamente a serviço das incursões alheias.

Acontece que somos todos individualidades cada uma com sua forma peculiar de existir e não podemos interpretar a outrem pelas nossas prórprias cartilhas de convivência. Sendo assim, uma estranha abordagem te deixou um tanto perturbada pois não a conseguias decifrar com teus códigos pessoais de interpretação. Mesmo porque não se tratou de uma forma com a qual já tivesses alguma familiaridade. Foi mesmo inusitada e muito direta, com uma efusão tal de que geralmente só são alvo aqueles com quem realmente queremos manter uma certa proximidade e até uma troca mais intensa de contatos de uma certa regularidade. Neste vaivém totalmente indecifrável do ponto de vista de comportamentos usuais tu saíste do teu habitual e rotineiro existir por vários dias em que uma variedade de sentimentos e sensações agitou tua já consolidada vidinha tão sem novidades. Como interpretar as condutas alheias sem querer fazer julgamentos precipitados, se nos sentimos lesados em nossa privacidade?

Certa vez alguém me disse: " não se deve bulir com a solidão alheia". E a tua foi literalmente invadida. Tua imaginação foi instigada e como é natural te puseste a sonhar, te sentiste feliz e amparada por outro ser humano a quem admiravas de longe e de repente estava tão próximo e a vida passava a fazer sentido de um jeito muito especial e terno.

Serias tu, quem sabe, alguém cujos códigos de convivência estejam totalmente anacrônicos? A excessiva facilidade com que tanto se dizem palavras como "te amo", "adoro", "pra sempre" a tantas pessoas, provavelmente lhes tenha tirado a força e verdadeiro sentido e assim, alguns desavisados ou antiquados seres como tu ainda interpretam ao pé da letra aquilo que deveria ser visto somente como fórmula consagrada de contatos superficiais.

Dessa forma, "azar o teu se não aprendeste a nadar", dana-te tu que não te cansas de levar pancada e não consegues mais lidar com essas novas e tão estranhas abordagens...





tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 21/03/2010
Reeditado em 18/04/2010
Código do texto: T2150332
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