Religião

A expressão RELIGIÃO, em seu sentido etimológico, traduz ser um substantivo feminino, derivado do latim “religio” e “onis”, ou “religione”. Em suma, quer dizer “tornar a ligar”. Ela designa o sentimento que leva a crer na existência de um ser supremo, uma causa e um fim de tudo, mas também pode ser concebida como uma espécie de culto que se presta à divindade, ou uma reverência e acatamento às coisas sagradas, e a manifestação de tal crença ou culto que se dá por meio de doutrina e ritual próprios, que envolvem, em geral, preceitos éticos.

Basicamente, o que se vê na maioria das religiões atuais, é que através da filosofia por elas aplicada e por seus dogmas, milhares delas conduzem o ser humano às Igrejas movido pelo temor de um castigo divino ou pela esperança de um prêmio após a morte. Isto se define em dois extremos, um negativo outro positivo, ou seja, ou será conduzido ao inferno, ou ao céu; ou arderá eternamente numa pedra de mármore, ou encontrará certo número de virgens, com rios de mel, leite, com frutas frescas etc…Enfim, a concepção deste pólo negativo ou positivo é diferenciada pelas várias “ordens religiosas” existentes.

O que leva uma pessoa aderir a uma determinada religião é um conjunto amplo de fatores, mas primordialmente de cunho emocional, não racional, no sentido estrito e literal. Já me foi definida religião como sendo oriunda do coração, ou seja, “Religião é coração”. Todos sabem que o coração é apenas um órgão, um músculo, e diferentemente do cérebro, em sentido biológico e funcional, não conduz, ou não influencia o ser humano a tomar atitudes, decisões, ou qualquer outra manifestação extracorpórea dos sentidos. Sua função biológica é o bombeamento sangüíneo em nosso corpo, assim ele é considerado o centro vital de nosso organismo. Contudo, este órgão ganhou uma conotação poética sentimental, sentimentos diretamente ligados aos princípios de nobreza e cordialidade, e o mais importante, no sentimento do amor, em todas as suas reflexões.

Assim, o coração também designa mais do que em sentido literal, em sentido simbólico o sentimento moral, de generosidade, o complexo de faculdades afetivas. Hodiernamente o coração é considerado um dos mais importantes e universais símbolos esotéricos. A maior parte das escolas iniciáticas considera, basicamente, três centros vitais e espirituais no ser humano: o cérebro, o coração e o sexo; o coração, centro do meio, concentra e equilibra os outros dois.

Tradicionalmente, o coração foi considerado a verdadeira sede da inteligência, já que a ele, filosoficamente, corresponde o quente e luminoso Sol, ao passo que ao cérebro corresponde a luz fria e refletida da Lua; por outro lado, a importância do amor, na mística (Misterioso e espiritual), reside no fato de que ele se expressa por meio do coração.

Desta forma, é perfeitamente aceitável a assertiva de que “religião é coração”, pois, sobretudo o que visa a religião é a edificação do ser e elevação do espírito, e isto ocorre justamente pela condução individual dos preceitos contidos nos dogmas das diversas religiões, eis que comumente e univocamente pregam como conduta humana, tanto social quanto familiar, é o amor ao próximo e à família, a tolerância, a caridade (generosidade), retidão de conduta social e familiar, respeito, etc…e que tudo isso, ou seja, uma vida baseada nestes princípios propiciam a evolução espiritual, com a aproximação de Deus. Daí vem o citado prêmio no fim da vida.

Triste é assistir no Oriente Médio as mortes de tantos inocentes em nome da Guerra Santa. Como uma organização dessas pode autodenominar-se de Religião? Como podem assim se definir se não cultivam e praticam preceitos éticos e morais, principalmente a tolerância ao próximo e às demais crenças religiosas. O vocábulo “Guerra”, como um substantivo feminino tem conotação negativa, já “Santa” neste caso usado como um adjetivo tem uma conotação positiva, vem de “Sagrado”, ou seja, aquilo que é bom, divino, puro, respeitável. Assim, não existe lógica na expressão “Guerra Santa”, Deus nunca pregaria isso, a morte de outros semelhantes, de inocentes, intolerância, destruição, enfim, é inconcebível que uma guerra possa ser santa.

Em nosso cotidiano presenciamos a falta da religião no homem, refletida na desvalorização ou banalização da vida, na despreocupação em fazer o certo, o justo, em não prejudicar direito alheio. Isto ocorre em todos os estrados sociais. A religião, em sua prática, foi posta de lado, onde a valorização do material suplanta com larga margem a espiritual, inclusive muitas “religiões” funcionam como comércio, verdadeiras máquinas de ganhar e lavar dinheiro, explorando a fé e devoção de pessoas necessitadas e carentes emocionalmente.

A “fé”, como substantivo feminino oriunda do latim “fide” pode ser traduzido de forma sucinta como confiança, e isso nos ajuda a entender como tantos “fiéis” são angariados ou aliciados por essas pseudo-religiões, justamente porque trabalham na conquista da fé destas pessoas. Isto explica porque os homens-bomba se submetem a tamanho sacrifício, acabando com a própria vida e de outros inocentes, simples, porque eles têm fé, eles confiam que aquela é a sua missão, e que a glória os aguarda no paraíso. Essas pessoas não são normais, Deus não ensina isso, matar inocentes não pode render glória no paraíso.

Portanto, o que se vê por aí é que a prática de algumas “religiões” não envolve o coração, ou não age através dele, incentivando e cultivando sentimentos nobres. Agir com o coração é praticar religião, e só reflete coisas boas, a todos em nosso entorno.

Em minha opinião, a prática da religião independe da Instituição física, seja ela qual for, porque de nada adianta se ela não estiver no coração, e principalmente, se ela não se refletir em nossas atitudes do cotidiano. Religião não significa assiduidade em Igrejas, sem apreensão de seus dogmas, preceitos e orientações. Deus é onipresente, independe da instituição física. A freqüência à igreja, em minha opinião, além de ajudar ou auxiliar a apreensão destes dogmas, no sentido de orientação, serve mais para a prática da fraternidade, e do aprendizado de viver em harmonia com o semelhante (“Amai-vos uns aos outros”). Para mim, em particular, esta é a principal finalidade da igreja.

É isso, praticar religião, seja ela qual for, significa abrir o coração para a apreensão das coisas boas, e pôr em prática preceitos justos e éticos na conduta diária, RELIGIÃO é sim CORAÇÃO, RELIGIÃO vem sim do CORAÇÃO, porque o coração é o símbolo máximo do amor, e religião é a prática desse amor em nosso cotidiano, ou seja, amor ao próximo, à família, a si próprio, a Deus, etc…

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Fabio Diaz Mendes
Enviado por Fabio Diaz Mendes em 21/03/2010
Reeditado em 16/02/2011
Código do texto: T2150158
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