"6 por meia dúzia"

É comum ouvirmos sempre esta expressão “fulano trocou 6 por meia dúzia“, quando alguém está criticando uma mudança, uma retificação ou tentando melhorar algo já concebido por outra pessoa, qualquer que seja. Para mim, sempre soa como uma iniciativa de crítica invejosa. Sim! Inveja, no mínimo. E isso será melhor entendido ao final deste texto.

A maioria entende que “6” e “meia dúzia” são a mesma coisa, eu não. Para mim o primeiro é muito genérico, o segundo já mais específico e restritivo, sem contar que também mais objetivo. Logicamente que o resultado final é o mesmo número de unidades, mas não o mesmo número de determinada coisa, ou seja, não necessariamente da mesma coisa. Do ponto de vista aritmético, pode até ser, porém, percorrendo caminhos diferentes.

Quando eu considero o algarismo 6, estou restringindo uma determinada quantidade num campo de escolha que vai do zero ao infinito, uma gama muito grande, sem qualquer outra especificação, onde apenas considero seis unidades de qualquer coisa, similar ou não.

Já considerando meia dúzia, a minha consideração passa a ser outra, eis que a palavra “dúzia”, segundo o dicionário Aurélio, denota “Conjunto de doze objetos da mesma natureza”, ou seja, doze unidades de uma mesma coisa.

Ora, não se pode conceber que ao pedir na quitanda meia dúzia de ovos se receba 5 ovos e 1 tomate, só para completar a “meia dúzia”. Então, quando falo em dúzia eu preciso do elemento que complete a minha intenção, ou seja, preciso ser mais específico: “meia dúzia de ovos”. Traçando um paralelo, quando usamos a frase “trocou seis por meia dúzia”, como uma metáfora, na verdade, de forma consciente ou não, estamos dizendo que a coisa modificada foi melhorada. Ou melhor, foi tida uma objetividade e especificação melhor, o que pode comprometer o próprio desempenho da coisa modificada.

Portanto, não dá para aceitar que “6 e meia dúzia” sejam a mesma coisa. Ou que não houve significativa mudança no fato que ensejou tal colocação.

É isso, se duas coisas têm nomes diferentes, fatalmente suas funções assim o serão, e a substituição de um por outro pode sim melhorar, embora num primeiro momento pareça que não.

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Fabio Diaz Mendes
Enviado por Fabio Diaz Mendes em 21/03/2010
Reeditado em 16/02/2011
Código do texto: T2150144
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