A ESPERA QUE CANSA...
NÃO QUERO MAIS ESPERAR!
Cansei-me de tanta espera.
Espera-se para nascer.
Toda uma vida esperando
o que fatalmente virá:
a espera para morrer.
É uma espera infinita, à exaustão.
Espera nas filas dos Bancos.
Espera no consultório médico.
Espera no ponto de ônibus.
Espera um táxi na esquina.
Espera a felicidade.
Espera se apaixonar.
Espera o amor brotar...
Espera que ele te ame!
Espera se casar.
Espera para ter filhos.
Espera o filho chegar.
Espera p’ra vê-lo crescer.
Espera-o à saída da escola.
Espera a sua formatura
Espera ele voltar da balada.
Espera que ele lhe dê netos.
Que você possa abraçar.
Saturada de tanta espera,
dou um basta nessa rotina.
Ponho a mochila nas costas,
calço meu tênis mais confortável,
algum dinheiro na bolsa
– que ninguém sobrevive sem ele -
e parto para o mundo.
Acho que vou aportar em Natal
– conhecer a praia de Tabatinga –
tomar uma gelada à beira mar.
Assistir o sol nascer, senti-lo na pele,
e vê-lo dar seu lugar à lua.
Ficar até madrugada,
proseando com Zelinha.
Saber de sua vida, contar a minha!
Antes, porém, faço um “pit-stop”
em Brasília, a Capital Federal.
Arranco Ulli da cama, à força, se preciso,
e levo-a comigo, nesta viagem de sonhos.
Vamos juntas conhecer este Brasil
que é lindo e nosso, muito nosso!
O exterior ela já conhece de cor.
Eu não, mas um dia ela vai me levar.
De Natal, vamos até o Maranhão.
Desembarcamos em São Luiz
para visitar Arão,
nosso amigo e irmão das letras.
Vamos percorrer os lençóis maranhenses,
surfar nas areias brancas,
tomar água de coco na praia
e, à noite, faremos seresta.
Na volta para casa, desembarcamos
no Rio de Janeiro
e, mais uma vez, apreciarmos as belezas
da cidade maravilhosa.
Andar de bondinho até o Cristo Redentor,
escalar a Pedra da Gávea,
quem sabe, até,
saltar de asa delta
e ver o mar lá de cima!
Convidaremos Rosa Pena, KNZ,
Mario Roberto, Malu, Elen
- vamos em Niterói, buscá-la -
e os demais amigos cariocas,
para tomar um chopinho no Leblon.
E à noite, conhecer a boemia da Lapa.
Dançar, cantar, viver!
Cansada de tanto esperar
nesta cidade imensa e assustadora
– que eu amo, apesar de tudo –
após visitar meus amigos,
termino a minha viagem
em uma cidade pequena,
linda, à beira da praia,
na qual sempre sonhei viver um dia,
desde que passei por lá há anos.
- São Pedro D’Aldeia –
Será que ela continua a mesma,
com aquela calma e beleza serena?
Não sei... Caso não esteja,
passo a mão na mochila
e vou procurar outro lugar.
Onde eu possa viver o resto de meus dias...
Sem esperar... Sem me irritar. Só no mole!
Ficarei aguardando a morte...
Mas ela terá que esperar!
(Milla Pereira)