NÓS DOIS SOBRE O GRAMADO VERDE

Abraçamo-nos sorridentes, felizes, sentados na grama verde da Aldeia de Papai Noel. A chuva ameaçava cair a qualquer momento, mas roubamos um pouco de tempo na espera do toró que se formava para tirar foto numa pose romântica. Então, rindo porque ela sorria toda meiga, coloquei a máquina fotográfica digital sobre o tronco de árvore derrubado e já seco, programei-a e voltei correndo para esse abraço carinhoso. Sentei-me aninhando-a em minhas pernas entreabertas, abraçando-a por trás, seus braços enroscando-se nos meus, suas pernas juntas impelindo ao meu encontro as ancas fabulosas desse corpo deslumbrante que me enche os olhos. O pulsar do seu coração fazia subir e descer num compasso gostoso os meus braços a enlaçá-la, eu encostei suavemente a cabeça nos cabelos louros dela e ficamos ali bem quetinhos aguardando o disparo da foto.

Duas vezes ouvimos o clic da máquina imortalizando aquele instante de intensa felicidade. Mas não permitimos que aquele abraço enlevante terminasse assim sem mais nem menos, então continuamos enlaçados enquanto as nuvens circulavam no céu e a máquina fotográfica esperava silenciosa após cumprir seu objetivo. As árvores daquele bosque dentro da cidade de Gramado farfalhavam as folhas no ritmo do vento que já assanhava nossos cabelos e espalhava firulas pelo ar. A magia daquele instante feliz parecia acrescentar um ânimo novo em nossos corações encantados, e certamente isso acontecia sem que nos déssemos conta embora sentíssemos a serenidade aquietando nossas almas e a força da vida se espalhando dinâmica por nossos poros.

Não tínhamos a chave do tempo mas não nos importávamos com esse detalhe de somenos importância. Estarmos juntos a celebrar o momento já nos deleitava a ponto de esquecer o ocaso ganhando vida e o arco-íris se desenhando no espaço sombrio.Nem vimos o colorido intenso e belo sobrepujando o cinza-chumbo das nuvens, ou os respingos drapeando sobre nós como se fossem sopros da brisa que acompanhava os chuviscos. Quanto mais os drops d'agua insistiam em cair sobre nós amiúde, mais nos abraçávamos estreitando nosso enlace. Ali, sorridentes e alegres sobre o gramado verde, visitados pela chuvinha fraca e recebendo, ao longe, o sorriso cúmplice do arco-íris todo colorido enchendo o céu de um belíssimo quadro multicor.