UMA FARRA E DEZOITO CARTEIRAS DE CIGARRO!
UMA FARRA E DEZOITO CARTEIRAS DE CIGARRO!
Ricardo De Benedictis
O Marquês de Serra Preta, também alcunhado de Poeta dos Sonhos, é um cervejeiro inveterado. E é bom que se diga, começou a beber aos 22 anos, forçado pelas circunstâncias. Posso atestar com segurança tal acontecimento porque fui aquele que, para minimizar seu mal – ele sofria de disenteria amebiana com muitas cólicas, além de sangue nas fezes – o aconselhei a usar doses de conhaque “Dreher cinco estrelas”. Quando ele bebia o “Dreher”, cessavam as cólicas e a disenteria...
O tempo foi passando e o Marquês migrou para outras bebidas destiladas, até vir a ser famoso ‘brameiro’, melhor dizendo, ‘skolzeiro’. Ah, cerveja ele bebe à vontade e não fica embriagado; e se fica, não deixa transparecer. Vez por outra, em conversas de bar, som muito alto e todos gritam para ser ouvidos, é comum, num lapso de tempo, quando o som diminui, ouvir-se sua voz ‘porra, rapaz vou dar um ponta-pé na bunda daquele corno’... Os olhares dos frequentadores cruzam-se em sua direção, mas não é nada disso... O Marquês apenas diz aquilo que ele pensava em fazer contra alguém que o importunava, em outra ocasião... Não seria um fato daquele momento, mas do passado... Volta o sonzão e lá está o Marquês a falar das suas aventuras.
Outras vezes, quando o ambiente permite, gosta de recitar seus poemas e houve épocas em que cantava muito, principalmente ‘Luminosa manhã’, de Miltinho!
Mas vamos chegar aos cigarros; o filósofo Mover, fez a conta: 360 cigarros, o resultado do consumo de 18 carteiras de cigarro que o Marquês teria jogado na atmosfera dos vários bares que passou com o amigo, cineasta Beto Magno, entre Salvador e Dias D’Ávila. Parece mentira! Acontece que é possível que o Beto tenha contado quantas carteiras de cigarro Carlton fumou o nosso amigo e poeta – Marquês de Serra Preta.
Para os amigos que o conhecem e sabem de quem se trata, não vou declinar seu nome, pois ficamos sem nos falar por dolorosos dois anos, justamente porque contei um fato que nos aconteceu na década dos anos de chumbo – 1970. Desta feita, acredito que ele não volte a ser meu desafeto, já que nossa amizade já chega a quase cinqüenta anos! E mais: quando o Beto contou a façanha das dezoito carteiras de Carlton em menos de 14 horas de farra, eu disse a todos que ia contar a história nesta crônica, apenas para registrar para os pósteros. Quem sabe, o consumo de tanto cigarro em tão pouco tempo não merecesse um louvor no livro dos recordes?!