Só É Corno Quem Quer
Partindo do princípio básico “a vida é uma rotina”, podem-se levantar algumas questões: mas será que a vida realmente é uma rotina? Nós somos volúveis e podemos mudar os planos no meio do caminho...
Você acorda às 4 horas para chegar à empresa às 5h40. Na empresa também há sua rotina: passar o cartão às 6 horas, 7h15 o café, meio dia o almoço...
- Mas eu não trabalho em uma empresa, pois sou autônomo.
Será que você não enfrenta os mesmos problemas todos os dias? Porque você tem coisas para resolver e as coisas que você tem para resolver são as mesmas ou muito parecidas.
- Acontece que eu saio todos os fins de semana para lugares diferentes. Isso é muito diferente da pessoa que trabalha de segunda a sexta, de segunda a sábado, de segunda a segunda, cinco por um ou mesmo quatro por dois – isto me é irrelevante no momento. O que vem ao caso é: na folga dessa pessoa, ela não sai; fica com a família em casa ou simplesmente sozinha, com o mesmo intuito: descansar.
Então eu te pergunto: e sair todos os fins de semana não é uma rotina?
A mesma coisa acontece com os relacionamentos amorosos. A princípio tudo é novo, tudo é belo e encantador. Você presta atenção em seu parceiro para conhecê-lo, visita seus familiares, conhece seus amigos... Oh, quanta alegria! Encontrei alguém realmente diferente! Com o tempo tudo se torna rotina, ou seja, costume. Já não é mais novidade ir à casa de uma tia ou um primo; já não é mais novidade falar com o Pedrão, o amigo e nem com a Lúcia, a amiga.
Nós nos acostumamos com as coisas.
No início de seu relacionamento você fazia acontecer: você observava – estou dizendo para ambos os sexos – seu parceiro nas mínimas coisas e gostava daquilo; você sabia quando ele queria falar; quando ele te queria por perto ou distante; quando precisava de carinho, uma palavra, teu ombro amigo para chorar; quando esperava algum tipo de elogio de sua parte... Você sabia de tudo!
Mas o tempo passou e o costume trouxe nada mais, nada menos que a acomodação; porque todos nós estamos propícios a nos acomodar com tudo tão facilmente. Acomodar-se não é a mesma coisa que acostumar-se. Confunde-se quem pensa assim.
Aí você acha que o choro de seu parceiro é frescura (e antes não era), que o dar carinho para seu parceiro é besteira, que ouvir não adianta, porque não há mais necessidade da conquista – você já conquistou mesmo. Aí você pensa: “ele sabe que eu o amo”; que não precisa mais elogiar – e ele começa a achar os teus louvores costumeiros demais, preferindo o elogio de outrem. Você não pensa como antes: todo choro tem um motivo; toda raiva um por quê; toda alegria uma razão...
Nós amamos o costume e odiamos a acomodação! Porque a pessoa que não ama o costume – comer juntos à mesa, dormir lado a lado, tomar banho juntos... – não consegue permanecer com o parceiro, pois tudo parece ser angustiante por ter perdido a graça. Ficamos longos períodos e até chegamos a fenecer com a outra pessoa não só pelo fato de amá-la, mas por amarmos o dia a da com ela. A partir do momento que você deixa de amar o costume, também passa a desamar o parceiro, pois tudo parece ser fatigante demais. Aí fica impossível a convivência.
Aquele sorriso que você não dá mais; aquele elogio que você não faz mais; o carinho terno, o carinho dionisíaco que não são mais por desejo próprio e sim por obrigação (porque você sabe que se amanhã quiseres terás, e tu podes esperar o amanhã chegar) no instante que o seu parceiro quer por mero querer ou por pura precisão de carência; o tempo que você dava para ele e não dá mais... Você não vê – ou pelo menos finge ou não demonstra – o trabalho e o esforço de seu parceiro; não atende para os desejos, porque os anelos dele não são os teus ou deixaram de ser, por comodidade. E tu achas que é normal, bate o pé e não aceita o pensamento dele de modo algum, pois o teu jeito de pensar que é o certo. E quem disse que a razão está com este ou com aquele? Isto é muito complexo para afirmarmos tal coisa.
Quem é que não sabe que o tempo mata e que a morte vem lentamente?
Por precisão ou por vaidade seu parceiro ficou – ou fica – com outras pessoas. Tu tens em mãos pau e pedras para acertá-lo. Em sua boca há centenas de milhares de palavras de maldições e de palavras pejorativas e acusadoras. Afinal “quem ama não trai, porque o amor é perfeito, puro, respeitador; que quem ama não tem necessidade de outro alguém...” Sim! Todos nós sabemos disso. Digo de nós que amávamos ou que amamos. Falamos essas coisas, pois fica mais fácil acusar o outro do que assumir nossos próprios erros. Afinal é tão difícil assumir o próprio erro, chega até dar impressão de fraqueza ou burrice.
Contudo, lá no fundo todos nós sabemos que “errar é humano”. Mas nós não aceitamos o erro do outro jamais. “Infeliz daquele que nunca errou, pois este jamais tentou”, disse um velho sábio. E onde fica o perdão nesta história? Infelizmente não entra. Porem sempre há o fulano que diz em suas preces: “perdoai as nossas dívidas como nós perdoamos a nossos devedores” (não no caso de Jesus, mas de nós mesmos). Deveríamos ter notado nossa própria hipocrisia.
Imagina-se que o seu parceiro é lindo. De outras datas você o conhece. Ele é namorador. No início do namoro ele te contou que já traíra. Por que não faria contigo? Aí você não olha para si, não retrocede para relembrar das coisas que ele te falava quando namorara outra pessoa. “Eu não tenho os mesmos defeitos...” Este pode ser o teu pensamento. Tu não podes ser traído? Será que prestas atenção no momento atual de seu relacionamento? Todos de vêem como um pretenso e verdadeiro corno.
Em outro caso: há anos você é casado. Tudo está tão bem. Você não desconfia – mas todos já sabem que tu és um corno desinformado. Por que isso acontece? Mas será que você realmente estava prestando a atenção devida em seu companheiro? Prestar atenção não é prender, pois ninguém gosta de prisão seja ela qual for. Quando uma mulher perde o gosto pelo sexo? Algum problema há! Pare com esse machismo de que mulher não gosta! Todas as pessoas gostam de sexo. O que acontece é que muitas se sentem constrangidas ao falar sobre o assunto.
Porque todo mundo gosta de sentir o prazer do orgasmo, ele chega até ser uma necessidade fisiológica. Sem o orgasmo a pessoa fica nervosa, triste, estressada, carente, depressiva, impaciente...
Se a sua mulher não gosta de “certas mudanças na hora do coito” de vez em quando, alguma coisa há. Pode ser desamor ou uma porção de fatores. Se o teu marido não lhe apresenta uma fantasia nova, pode ser que ele esteja realizando-a com outra.
A mentira e o engano não são percebidos somente através dos olhos. Eles aparecem nas minúcias do dia a dia do casal. Talvez se um prestasse atenção no outro, lembrar-se-i-am de: “fale a verdade hoje para não ter que se lembrar do que disse ontem”. A mente aguçada sempre está prestando atenção e captando essas minúcias, que também aparecem nos gestos mais simples.
Engana-se a mulher que diz que todos os homens são iguais. Elas gostam de ouvir e falar; eles gostam de demonstrar. Talvez seja o fato de não serem bons com as palavras. O que você percebe em seu marido? O que você percebe em sua mulher? Se tu não consegues mais prestar atenção e captar o que seu parceiro quer dizer com um olhar sinto em dizer que, você é corno por querer ou simplesmente está querendo ser.
19/03/2010 21h04