COMO NÃO FALAR DE ESPIRITUALIDADE
Descrever experiências espirituais para quem nunca as teve da forma como ocorreu conosco é como tentar explicar o gosto de uma fruta para quem nunca a provou. Mesmo assim, milhares de escritores, estudiosos, poetas e palestrantes tentam há séculos colocar em palavras objetivas o que só faz sentido dentro da nossa subjetividade. E não há nada mais frustante do que perceber que toda vez que a espiritualidade ganha espaço na mídia, ela aparece sempre de forma caricaturada, exagerada e é facilmente desacreditada, pois o falante esquece que está diante de uma platéia ignorante da realidade a qual ele faz parte e em que tudo aquilo faz sentido.
Há exceções, mas, infelizmente, não faltam exemplos de como o assunto é abordado de maneira exagerada, muitas vezes, porque o palestrante ao perceber que lhe falta palavras para descrever algo que só é impressionante dentro do seu coração, exagera na dose, expôe de maneira equivocada determinados assuntos, e ao tentar convencer o público, adultera o seu relato ou expressa falsas verdades, numa tentativa desesperada de ser levado a sério. Não é! Ninguém que vai a TV, rádio ou jornal para falar de Deus ou de espiritualidade é.
São os novos tempos. Se antigamente falar de ciência levava a fogueira do corpo, hoje em dia, falar de Deus em público é quase um suícidio mental assistido. Por isso, precisamos aplaudir a coragem de muita gente que dá as caras e as palavras à câmera da TV, ao microfone da rádio, a entrevista em revistas e jornais, no intuito de levar esclarecimento a população, e ao mesmo tempo, torcer para que essas pessoas consigam cumprir essa missão sem cair nas armadilhas do ego inflado pela exposição pública ou do estrelismo de atrair para si, uma fama de doutor de um assunto que eles ainda não sabem a fundo. Muitas vezes, o que parece ser esclarecimento a massa, é um desserviço ao mundo de estudos espiritualistas que estamos envolvidos.
Se um palestrante espiritualista pode ser facilmente ridicularizado em público; o mesmo não ocorre com os críticos e detratores dessa experiências, que ficam de plantão, esperando algum assunto envolvendo espiritualidade e manchetes de jornais, para veicular as suas opiniões, e encontram nos veicúlos em massa a mais perfeita forma de expressão. Afinal, o público, em sua grande maioria, adora um barraco, uma discussão que acabe em gritos, linchamento coletivo ou qualquer punição sem sentido para aqueles que estejam acreditando ou seguindo alguma religião que não seja aquela que todos seguem, que todos aceitam, que é normal para a sociedade.
Se você se pergunta por que isso ocorre, basta lembrar que para respeitar as diferenças religiosas, é preciso um esforço de corpo, mente e alma aberta, pois todos nós, espiritualistas, sabemos que quando o assunto é a caminhada espiritual, cada um anda do seu jeito, no seu ritmo e da maneira como melhor lhe convier; mas para negar ou desrespeitar a crença alheia, basta um dedo apontado ou simplesmente um cruzar de braços com a boca cheia de argumentos que alimentam os céticos e só aumentam o estereótipo de que espiritulidade e comunicação em massa sempre acaba em pão e circo.