Fila
Um dia assim, como outro outro qualquer e estava mais uma vez numa fila. Não tinham muitas pessoas na minha frente, umas seis ou sete e então, sei lá por que passei a observá-las.
Tinha uma moça, muito bonita logo na minha frente, devia ter 1,75 mais ou menos pois chegava a ser mais alta que eu (que não sou lá "grande" coisa) e fiquei imaginando o que seria essa moça. Podia ser estudante, quem sabe médica? Reparei que tinha belas curvas e fiquei a imaginando atriz daqueles filmes eróticos. Não adianta, eu não presto. Enfim, às vezes era professora. Não me lembro de professoras bonitas assim no meu tempo se bem que na minha época de jardim de infância eu tinha medo de meninas e corria delas, então não conta.
Tinha também um senhor. Sabe esses velhinhos com cara de bonzinho? Que a gente imagina cheio de netinhos e coisa e tal? Que compra doce, guaraná e joga dominó? Se bem que os vovôs de hoje devem jogar playstation. Eu tive sorte com meu vô. Jogava era dominó. E pífaro, duvido que alguém saiba o que é pifaro mas eu jogava. Às vezes ele nem fosse avô, só era um velhinho de bem com a vida mesmo. Ainda existem pessoas de bem com a vida sabia?
Mais na frente tinha um homem, não muito velho de terno e gravata. Será que era um executivo? Um banqueiro? Um magnata? Nada... Devia de ser mesmo um trabalhador, vindo pagar mais uma conta na hora do almoço. Ou será que era um ladrão? Já ouvi falar de ladrões assim, que se vestem bem para ninguém desconfiar. Mas o senhor tinha cara de ladrão não.
E mais na frente ainda tinha um outro homem. Esse era do tipo que a gente chamava de "cinquentão". Certeza que era montado na grana. Como eu sabia? Fácil. Quarta-feira, 14:00 e o senhor de bermuda florida e sandália havaiana. Quisera eu poder ter esse luxo.
Enfim, chegou minha vez, paguei minhas contas e vim-me embora. Engraçado, depois do dia cheio, trabalho, compromissos só consigo me lembrar pra valer é daquele velhinho. Daquele com cara de vovô. Tão bom é ter avô.