Idosos, coletivos e a falta de educação numa cidade caindo aos pedaços...
Estava passando de ônibus pelo Centro da cidade, com a cara tímida aprofundada em um livro. Quando levantei ocasionalmente os olhos para ver o que ocorria naquele universo em minha volta, o ônibus parou por um instante em um ponto. Vi que havia um intenso movimento de passageiros transitando pela porta da frente, alguns saindo e alguns entrando. Dentre eles, um senhor me chamou a atenção por conseguir expressar, trêmulo, mesmo à distância, a revolta do esquecimento e do descaso do qual sofreu.
Não... O senhor não conseguiu entrar no ônibus, mas conseguiu transferir aquele gesto de revolta para as pessoas que o viram injustamente esquecido, inclusive a mim, encarando o motorista com olhar justamente acusatório.
Porém, em contrapartida, um senhor, que estava ao meu lado, ficou abismado mesmo com um sujeito fazendo uma espécie de tatuagem de rena em outro rapaz no meio da rua, ao olhar a cena pela janela, ignorando seu “contemporâneo”.
Os transportes coletivos nos levam a um mundo infindo de questões, entre reflexões sociais, revoltas e até mesmo acontecimentos surreais.
Outro dia, por exemplo, também no ônibus, já de pé (sorte?) para descer no ponto de destino, fiquei entre a discussão de duas senhoras que, de um lado ao outro, rebatiam críticas e defesas quase que aleatoriamente em relação aos problemas da cidade, levando questões políticas para o campo pessoal como forma de defesa de seus distintos pontos de vista.