Morro de saudade

Tenho saudade de minha velha Oliveti

Em suas teclas depositei meus primeiros poemas

Prestativa e amiga, ela os recebia com o carinho

De suas letras ora negras,ora vermelhas

O restante das cores deveria buscar na poesia

No amor, nas primeiras desilusões, nos furtivos

Olhares da colega de classe nos bancos escolares.

E tinha tanto a contar e a cantar no lirismo

Juvenil de meu passado, onde os sonhos eram reais.

E os segredos dos corações eram comentados na sorveteria

Do meu bairro humilde , mas o centro do mundo.

Para encontrar um novo amor, bastava uma volta na pracinha

Um cenário enfeitado de buques de flores.

Era uma volta e um tosco poema de amor que nascia.

E corria contar para minha Oliveti, na solidão de meu quarto.

Desculpe amiga querida se hoje dormes empoeirada.

Jamais um computador por mais bites que tenha, será tão amado

Como minha companheira Oliveti.