Texto para um dia sem remédio e sem ela
Alexandre Menezes
Distante. Ele não a sentia assim. Muito menos se via desta forma. Na realidade, geograficamente, são. Como seria a realização do encontro? O que há entre esses dois pontos eqüidistantes? O que há além? Bem, muito mais que os momentos de fraqueza, é certo que tudo isso abala tanto.
Noites solitárias são chatas até para os Nerds quando amam. Afinal, é bem provável que passem todas elas entre relatos científicos que tentem explicar amores e outros sentimentos. As teorias tornam-se cada dia mais doloridas. Tarde da noite, ele chora pela falta de conhecimentos empíricos que daria à vida suspiros e gostos.
Não sabe se de longe queria vê-la. É difícil essa realidade paralela. Ele, freqüentemente, traça em seus planos desejos e vontades que sente por ela. Queria saber de fato a intensidade certa para cada mordida. Dosar a pressão exata necessária para que ocorra aquele delicioso gemido que, nos seus sonhos, sabe muito bem como fazer.
Enquanto ainda pode sonhar, em mais uma noite distante e ausente, como sempre, cria formas lúdicas com retas e pontos. Em pé, tem seu sonho sobre a mesa com calcanhares sobre os ombros. Transpassados para imaginar um encaixe perpendicular e transversal. O frango assado mais belo e geométrico que possa existir.
Sem força para contra-argumentar, segue com as novas teorias que descobriu: é que muito sobre elas ainda não entende. Não pode dizer nada, pois não pôde experimentar, mas não ignora o que sente. É comum que pegue no sono sorrindo e cantando. É comum aos dois, lindas almas que, como de duas crianças, desejam apenas viver para descobrir. Algumas coisas são tão necessárias. Bem mais ainda quando se quer.