O pé de mamão

Era baixinho quando os botões despontaram. Seu caule delgado mal sustentava as flores quando elas sugiram.

Meses depois ficou um pouco maior, porém a finura de seu porte permanecia.

Inúmeros frutos substituíram as flores e agora ele se envergara e parecia que iria cair a qualquer momento.

Mãos ágeis correram em seu socorro e uma corda firme sustentou seu frágil caule à cerca. Assim pode permanecer ereto e segurar os muitos frutos que cresciam.

Os frutos se tornaram maduros um a um e enfeitavam a mesa do café da manhã ou do lanche da tarde.

Não parei de observar o desenvolvimento do pequeno pé de mamão. Quando todos os frutos amadureceram e foram retirados, ele cresceu mais ainda e novos botões vieram, novas flores e novos frutos.

Compreendi então o ciclo do pé de mamão. Precisava crescer para conseguir produzir novos frutos e se fortalecer.

Seu caule adquiriu uma espessura menos fina e frágil e seu tamanho ganhava as alturas.

A velha corda amarrada ao seu caule transformara-se em simples lembrança da ajuda providencial que ele precisara um dia.

Fiquei refletindo a respeito da sabedoria da natureza.

Igual ao pé de mamão há jovens nesse nosso mundo que começam a vida produtiva bastante cedo.

Devido à extrema imaturidade, os seus frutos podem ficar pesados e certamente eles necessitarão de uma mão ágil para os socorrem na hora oportuna.

O pequeno pé de mamão precisou tão somente de uma corda firme.

Penso que os jovens que são muito mais complexos que uma planta, precisará a todo instante do nosso olhar atento e cuidadoso.

Não está em nossas mãos o poder de evitar que eles se lancem cedo na vida produtiva. Os tempos modernos apontam para novos hábitos e novas rotinas, sendo latente a explosão da precocidade em nossos dias atuais.

Portanto temos que ficar atentos para percebermos qual é o momento adequado para a nossa mão fazer-se necessária e imprescindível na vida desses jovens.

Podemos ajudá-los durante esse crescimento até que não precisem de nossa ajuda para ganharem as alturas sem riscos de uma queda precoce.

Assim, igual à velha corda do pé de mamão, seremos nas suas memórias apenas lembrança de uma fase crucial em que foi decisiva a nossa preciosa ajuda.