Cozinha de Bruxa

Hoje cheguei em casa com a sensação de ter experimentado um dia perfeito.Cumpri toda minha agenda,elaborei e negociei com a propriedade de um maestro.O trabalho, sem dúvida nenhuma qdo bem executado, nos é prazeroso.Falei com meu filho pelo telefone, com minha mãe e teve "aquele" telefonema....

No final do dia já em casa e com a barriga no fogão, deixei meu pensamento livre num devaneio.

Lembrei do fogão de lenha da minha vozinha e sua colher de pau.O cheiro do feijão fresquinho e do pão á crescer no jacá. Será que minha avó na sua simplicidade de mulher da terra tinha conciência de que no ato de tranformar o alimento estamos também nos transformando?

No mexer de uma simples colher de pau estamos penetrando na grande espiral da vida, e a cada volta da colher podemos enxergar mais claramente nosso caminho.Quando se está traçando a espiral, nossos movimentos entram em harmonia com nossa respiração, o equilibrio se faz, e magicamente nos tranportamos pelos ares.Com o calor do fogo sentimos próximos os tempos onde éramos as sacerdotisas dos templos.

Nesse girar da colher encherguei, meu dia feliz,"VOCÊ", a magia de um instante e a sofisticação dos meus sentimentos.

Ali, cozendo, um maço de catalônia com linguiça lembrei de um divino "Foie gras" e uma "Petit Gateau" que meu amigo Chef Theo cozinha para amigos.Imaginei pessoas de gosto sofisticado apreciando meu cardápio desta noite.

E tecendo um paralelo comparei meu paladar apurado com meu gosto por amores. Sofisticação, temperos raros um bom apreciador de arroz com feijão.

Ellen Marreiro
Enviado por Ellen Marreiro em 11/08/2006
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