VERDADE ABSOLUTA

Ouve-se e lê-se tantas meias palavras a respeito do único caminho que existe para quem tem por meta terrena a salvação do seu espírito e oferecê-lo, limpo de qualquer nódoa de culpas armazenadas em suas múltiplas encarnações, ao seu Criador. Cada religião quer ser portadora da verdade absoluta sobre o tema. Sabemos que essa verdade plena está somente em Deus. Os seres humanos, quando investidos da verdade, é necessário que se contentem com uma verdade ajustada à sua capacidade intelectual dentro do livre arbítrio de cada um, e sua probidade. É, portanto, sempre e somente, uma verdade relativa, principalmente quando relacionada às verdades da alma.

Entendendo-se por insofismável que todas as religiões monoteístas tentem ensinar resquícios dessas verdades porquanto guardam o Evangelho que engloba as palavras que Jesus proferiu em sua missão no nosso meio terreno, também é correto dizer-se que todas elas diversificam o seu sentido. Basicamente interpretam-no (cada seita no seu entender) ao pé da letra, como se fora o aprendiz da espiritualidade do século XXI portador da mesma “doença” da ignorância como era o povo dos primórdios da humanidade em seus entendimentos religiosos e metafísicos. Enquanto a ciência humana já desvendou grande parte dos “mistérios” do universo tidos por não conhecimento de causa, todos os credos divinos da espiritualidade permanecem estacionários em seus ensinamentos.

Seria muito simples e correto – seguindo a mesma linha ainda pontilhada de contradições – se do Evangelho se colhesse, por exemplo, não a palavra ao pé da letra, mas os exemplos deixados pelo mesmo Senhor Jesus – o Cristo. Traçando paralelos entre Sua postura frente às mazelas por Ele encontradas para ensinamento da palavra de Deus, encontraríamos algumas dessas verdades. Falava ao povo da época, principalmente, enfatizando o ensino dos mandamentos que a suprema inteligência divina fez chegar a todos os povos do Planeta Terra, através de Moisés. Notamos que Sua maior preocupação foi a de exortá-lo no sentido do amor universal, quando dizia: “Amai-vos uns aos outros, assim como nosso Pai que está no céu vos ama”. Dentre os exemplos que nos deixou, muito poucos são observados na nossa sociedade de hoje.

Vejamos: já ao nascer numa estrebaria deu o primeiro exemplo – a humildade; crescendo e sendo notada sua extrema inteligência, deixou claros exemplos de isenção da vaidade e do sempre comprometimento com a verdade; quando poderia ter nascido rico ou enriquecer com a sua doutrina – muito em voga nos nossos dias – conformou-se com o estado de pobreza da sua família e viveu conforme ele. Questionado pelo doutores da lei, qual o maior mandamento, disse peremptoriamente que todos eles resumiam-se em dois: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Este último traz em seu bojo a caridade em seus múltiplos carismas. Ninguém ama a Deus se não se condói com as mazelas de seus iguais, de qualquer credo religioso ou político, de qualquer raça ou cor. Aí está a única verdade que o Criador quer que observemos. O resto é lavagem cerebral dos que se dizem representantes de Deus.

Por isso o único caminho que leva à Pátria Celestial ou à Casa de Deus, como queiram, é praticando a caridade em todos os seus detalhes. Portanto, não fiquemos ricos por conta dos ensinamentos do Evangelho; não nos esquivemos das necessidades prementes dos nossos irmãos famintos e carentes de um conselho ou de um sorriso, pois caridade não é só dar esmolas e vangloriar-se desse feito ou pedir algo em troca.

O único caminho para se chegar a Deus é, pois, tratar o próximo como desejaríamos ser tratados – seguindo os passos de Jesus – seja em qual religião que estejamos engajados. Os restantes mandamentos estão incluídos nesse ato de supremo amor.

Na própria verdade, que queremos seja a nossa, está o nosso pecado, pois, sem amar aquele que professa outra religião, o discriminamos e, discriminar, se não é odiar é, no mínimo, desprezá-lo.