...MILHAS E MILHAS DE CASA...
Me ocorreu a pouco, quando chegava na esquina da rua em que fica a minha casa, que estou muito distante do que poderia chamar verdadeiramente de lar. Pode parecer ingratidão, mas tudo que envolve o ambiente em que me encontro não me oferece conforto, seja físico, seja espiritual ou sejá lá o que for. O bairro é inconstante emocionalmente, grandes festas sucedem pancadarias gratuitas entre vizinhança desgastada por anos e anos de sapos que foram engolidos sem molho. A cidade nada oferece a quem paga seus impostos (em dia ou não), talvez por ser apenas mais uma cidade dormitório, talvez pela pequenez dos pensamentos daqueles que não descobriram o significado da palavra desenvolvimento, cultura e qualidade de vida. Eu ainda sinto falta dos prédios que arranham o cinza da paisagem, sinto falta das buzinas que não deixam assistir ao noticiário, só não dá para sentir falta das enchentes porque elas acontecem em todos os lugares agora. Abro a porta da sala, está tudo ali, tudo o que preciso para me levar pra longe da daqui, a água vai no copo, e desce também pelo corpo, enquanto aquela banda canta baixinho uma canção chamada "Nowhere Man". Eu sei, não é nada além da saudade, amanhã estarei me sentindo em casa outra vez...