Boi de Piranha
Conheci a expressão "boi de piranha" há alguns anos e fiquei chocada, ao conhecer este recurso que os boiadeiros usam para atravessar grandes rebanhos por rios cheios de piranhas. Sabendo que os animais, feridos pelos vorazes peixinhos, não teriam condições de prosseguir viagem, eles escolhem um deles, normalmente o mais fraco, magro ou doente e o lançam às águas, para atrair o ataque furioso das pequenas feras. Seu sangue se espalha na água, atraindo mais piranhas e elas, enquanto estão ocupadas com a presa fácil, deixam passar o rebanho inteiro. Achei essa estratégia revoltante. Imagino o desespero do pobre animal, mártir da sobrevivência dos outros.
Lembrei-me disso outro dia desses, ao ver na TV notícias sobre o combalido estado de saúde de nosso ex-governador, José Roberto Arruda. Não! Apesar de já haver confessado uma insólita misericórdia para com uma barata moribunda, não fiquei com pena dele. Creio que baratas são menos asquerosas e nocivas, é bem mais fácil apiedar-se delas.
Apenas penso que todo esse teatro serve unicamente para manter os holofotes cada vez mais sobre ele, lançando todo o resto na escuridão do esquecimento.
É claro que temos motivos para festejar. Está preso um governador corrupto, seu vice renunciou para fugir à cassação, tantos outros estão sob investigação ou renunciaram também e há ainda uma sólida esperança de que ocorra mesmo uma intervenção no DF.
Mas, sabemos que a coisa não começou agora, não se restringe a Brasília, à Câmara Legislativa ou ao Governo do Distrito Federal. Tem raízes tão profundas no cenário político nacional, que podemos afirmar, sem medo de errar: não há virgem na zona. O mesmo deputado que sobe a tribuna hoje para exigir providências, está providenciando um meio de não perder os seus esquemas enquanto ocorre o circo das Pandoras, Anacondas, Sathiagrahas...
A sensação que tenho é a de que, a cada naco de Arruda que arrancamos, em nossa sede de vingança, passa às nossas costas uma boa dezena de bois gordos. E a gente, borbulhando, nem percebe.
Por outro lado, era bom mesmo que Arruda estivesse doente. Já pensou?? Os exames acusando febre aftosa... Que beleza!! Iam ter que sacrificar todo o rebanho!!*
* Este finalzinho é uma piadinha popular que circula na Net há alguns anos, junto com nossos anseios de que essa canalha fosse mesmo toda para o inferno.
Conheci a expressão "boi de piranha" há alguns anos e fiquei chocada, ao conhecer este recurso que os boiadeiros usam para atravessar grandes rebanhos por rios cheios de piranhas. Sabendo que os animais, feridos pelos vorazes peixinhos, não teriam condições de prosseguir viagem, eles escolhem um deles, normalmente o mais fraco, magro ou doente e o lançam às águas, para atrair o ataque furioso das pequenas feras. Seu sangue se espalha na água, atraindo mais piranhas e elas, enquanto estão ocupadas com a presa fácil, deixam passar o rebanho inteiro. Achei essa estratégia revoltante. Imagino o desespero do pobre animal, mártir da sobrevivência dos outros.
Lembrei-me disso outro dia desses, ao ver na TV notícias sobre o combalido estado de saúde de nosso ex-governador, José Roberto Arruda. Não! Apesar de já haver confessado uma insólita misericórdia para com uma barata moribunda, não fiquei com pena dele. Creio que baratas são menos asquerosas e nocivas, é bem mais fácil apiedar-se delas.
Apenas penso que todo esse teatro serve unicamente para manter os holofotes cada vez mais sobre ele, lançando todo o resto na escuridão do esquecimento.
É claro que temos motivos para festejar. Está preso um governador corrupto, seu vice renunciou para fugir à cassação, tantos outros estão sob investigação ou renunciaram também e há ainda uma sólida esperança de que ocorra mesmo uma intervenção no DF.
Mas, sabemos que a coisa não começou agora, não se restringe a Brasília, à Câmara Legislativa ou ao Governo do Distrito Federal. Tem raízes tão profundas no cenário político nacional, que podemos afirmar, sem medo de errar: não há virgem na zona. O mesmo deputado que sobe a tribuna hoje para exigir providências, está providenciando um meio de não perder os seus esquemas enquanto ocorre o circo das Pandoras, Anacondas, Sathiagrahas...
A sensação que tenho é a de que, a cada naco de Arruda que arrancamos, em nossa sede de vingança, passa às nossas costas uma boa dezena de bois gordos. E a gente, borbulhando, nem percebe.
Por outro lado, era bom mesmo que Arruda estivesse doente. Já pensou?? Os exames acusando febre aftosa... Que beleza!! Iam ter que sacrificar todo o rebanho!!*
* Este finalzinho é uma piadinha popular que circula na Net há alguns anos, junto com nossos anseios de que essa canalha fosse mesmo toda para o inferno.