A FAXINA.....
Comecei neste final de semana a fazer uma enorme faxina nas minhas gavetas. De lá , depois de muito remexer, encontrei inúmeros papéis, rabiscos, relatos de alguns momentos de sentimentos e paixões que hoje, depois de um ou outro retoque talvez possa deixá-los na minha galeria de boas lembranças.
Não quero dizer com isso que possa ter a intensão de tornar público tudo o que escrevo, aquelas coisinhas e tolas tolices que estou sempre rabiscando.
Resolvi mergulhar de cabeça nessa faxina por me sentir num momento de renovação, novos propósitos e outros objetivos .
Remexendo nas gavetas aproveito para destruir escritos que possam mostrar momentos em que por um motivo ou por outro me senti envolvido em paixões ilusórias e passageiras, desilusões, desencantos e frustrações.
O lado bom de uma faxina é que acabamos também percebendo a necessidade de repaginar nossa maneira de ser, de agir e até de acreditar. Uma boa faxina significa que muitas coisas devem ir direto para o lixo, sem nenhuma escala ou segunda escolha e isso , fiz com absoluta serenidade, confiança e segurança.
Quero dizer que escritos, versos, pensamentos e falsas ilusões simplesmente rasguei e joguei fora. Foi tudo para um enorme saco de lixo que no dia seguinte, com o maior prazer ajudei os lixeiros a despachar naquele caminhão mal cheiroso.
Parando um instante para observar ao redor me lembrei da minha juventude, quando muito inexperiente e até meio bobo tinha o hábito , aliás péssimo hábito, de marcar num calendário e relatar num caderno tudo que me acontecia de desagradável , aquilo que me irritava e principalmente as desilusões e decepções.
Não me lembro exatamente onde foi parar esse ridículo caderno mas hoje, anos mais tarde e um pouco mais experiente e maduro, imagino o quanto de desagradável, ilusório e frustrante não conservamos guardados e muito bem guardados nas gavetas das nossas mentes e dos nossos corações .
É como se sentíssemos um grande prazer em remoer as dores ou como se tivéssemos fantástica satisfação em frequentemente deixar rolar lágrimas de sangue, muitas vezes um sangue bem ralo e absolutamente sem consistência.
Olhando aqueles papéis rasgados, amassados e espalhados pelo chão, por um instante pude compará-los às minhas lembranças e não foi difícil imaginar o quanto vários deles retratavam instantes de dor, desilusão e sofrimento.
Sem nenhuma intensão de querer filosofar , sou desses que defende a tese de que devemos viver a vida dentro da mais absoluta alegria , tolerância, compreensão e paz, pelo menos na maior parte do tempo para que assim decepções, dores e sofrimentos, embalados por enormes desilusões e desenganos não afetem nosso dia a dia.
Ainda olhando para todos aqueles papéis decidi separar o que realmente poderia ser aproveitável. Talvez houvesse algum texto, alguma linha que valesse à pena ser modificada para melhor ou até ficar muito mais leve e agradável.
Comparando papéis com atitudes e pensamentos me perguntei por que não fazer o mesmo com ideias e lembranças ultrapassadas , dessas que insisto em guardar na memória e que de vez em quando me espetam o peito ?
Por que também não começar uma faxina interna nas minhas reações e convicções ? Por que não jogar no lixo os desenganos e ilusões frequentes e que na verdade são ótimos para fazer volume num enorme saco de lixo das negatividades da vida ?
Isso é perfeitamente lógico e possível , embora possa dar um pouquinho mais de trabalho do que simplesmente rasgar papéis antigos.
Estou fazendo isto agora e estou gostando do resultado. Não foi difícil começar e para falar a verdade, o que só me deu um pouquinho mais de trabalho foi encontrar um grande saco plástico preto onde pudesse jogar fora as bobagens ouvidas, lidas e ditas além de tolas tolices que escrevi, pensamentos e ilusões perdidas, enfim, tudo aquilo que me incomodava, me decepcionava e me frustrava.
Mas estou conseguindo e agora o resto é fácil pois a vida continua e é maravilhosa......
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(.....imagem google.....)