Memórias
Quando se pensa em jogar fora algum objeto que só tem valor para nós pensamos que se não jogarmos outros o farão depois que formos “embora”. (Detalhe: ir embora é igual a ir em boa hora. rsrsrsrsrsrsrs.)
Muito se tem dito, ou escrito, do desencarnado ficar observando o que se passa com o ambiente em que ele vivia e com seus objetos pessoais. Dizem os espiritistas que demoramos em descobrir que estamos em outra dimensão e alguns não querem ir por achar que não terminaram sua missão aqui. Outros por sua vez recebem auxilio de entes especiais para ultrapassar essa dúvida sem transtornos. Sou obrigada a acreditar por observação de alguns fatos. Quando minha sogra faleceu, no hospital, eu estava presente. Era tarde da noite e devido à falência dos órgãos ela não retinha alimentos no organismo, mas estava lúcida e respirava lentamente. Era aquilo que chamavam de últimos suspiros que eu pensava ser apenas força de expressão, mas é exatamente isso: respiração profunda como um suspiro, do tipo – oh! Droga! Ainda estou aqui....
Após alguns suspiros, embora ela soubesse que estávamos lá, eu e a filha dela, ela não queria atenção nem enchimento de paciência, queria ficar em paz.
Em dado momento, apesar de ser próximo da meia-noite, começara pousar pombos na janela do quarto. Eu estranhei e a cada pouso olhava para trás e lá estavam eles, não virados para fora como fazem em borda de janela, mas virados para dentro e em movimento ao invés de se acomodarem para dormir porque já estavam atrasados. Chegaram quatro deles. Batiam no vidro, farfalhavam as asas, não faziam nenhuma questão de passarem despercebidos.
Por fim, num determinado momento, minha sogra deu realmente o que seria o último suspiro. Desta vez eu tive certeza que era o último porque os pombos saírem em revoada todos exatamente juntos e com bastante estardalhaço. Não pense que na hora eu achei que ela estava sendo levada por eles, não. Eu sempre tento ser o mais realista possível e isso foi em 1992. Nessa época eu resistia ao máximo qualquer idéia não “palpável” nos acontecimento. Agora, que a cabeça é outra, relembrando tenho certeza que ela foi levada por eles por mais que alguém queira me fazer pensar diferente.
Voltando ao fato de as pessoas quererem se desfazer dos objetos de alguém falecido tem até alguma lógica no sentido de que nós não cremos que a outra vida seja realmente melhor, senão não lamentaríamos tanto a ida de um ente querido. Caso contrário deveríamos, sim, ficar felizes porque a pessoa está numa ótima. Baseado nesse sentimento lamentamos e não queremos nos martirizar com a lembrança constante dessa perda.Tentamos assim sobreviver da melhor forma, sem lembranças dolorosas no decorrer de nossas vinte e quatro horas ao dia. Já nos bastando os noticiários de TV que aborrecem e nem por isso deixamos de ouvi-los. Parece vício que usamos mesmo sabendo que nos faz mal.
Quanto a objetos, parece não ser totalmente inanimados como os definimos. Os esotéricos já nos dizem que eles carregam muita energia, dependendo de quem os possua ou os manipule. Uma amiga certa vez se queixava da necessidade de arranjar um meio de ganhar algum dinheiro para poder pagar o aluguel e sugerimos que usasse os muitos livros que tinha e os muito amigos certamente poderiam fazer doações para ela abrir um sebo ou uma locadora de livros usados. Ela não descartou a idéia por completo, mas levantou a hipótese de que os livros poderiam chegar com energias negativas e ai seria pior a emenda que o soneto.
Sei de uma médium que dá passes espirituais com a roupa da pessoa na mão, naturalmente quando há a impossibilidade de estar presente.
Li um livro esta semana -Toque Quântico –, que trata, em um de seus capítulos, sobre o repasse de nossa energia para os objetos de uma forma geral e inclusive, uma vez treinados, podemos energizá-los. Se podemos fazer isso de forma empírica naturalmente certos objetos nos pertencem junto com nossas energias (ou falta delas). Vale também para os pertences dos que se foram, razão pela qual existe o folclore de se colocar no caixão dentaduras e outras coisas que só ao morto interessa.
Não sei se é certa a teoria dos espiritistas que os mais apegados a bens materiais tem mais dificuldade de ir embora e deixar aqui tudo para os sobreviventes. Se assim for, as maravilhas de que encontramos lá todas as mesmas coisas de que gostamos está entrando em choque com isso.
Bem... Quem sabe quem tem razão....? A finalidade de toda teoria é nos fazer vivermos o melhor possível e não temermos o que tivermos que enfrenta... Talvez só o inferno... rsrsrsrsrsrs.