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Silenciar para escutar
Silenciar para Ser
Há alguns anos participei de um Retiro de Silêncio. Tinha assistido ao monge beneditino que iria coordená-lo, numa palestra, dias antes. Dom Laurence Freeman, o monge, me cativou imediatamente – antes mesmo de ter falado qualquer coisa. Foi impossível ficar indiferente à sua presença. Algo que senti e não há como explicar racionalmente. Sei que ali, antes de ouvi-lo, decidi que iria para o retiro. Tudo o que queria era, simplesmente, desfrutar daquela presença por mais tempo.
Da sexta-feira ao domingo, no almoço, estava proibida qualquer expressão oral por parte dos muitos participantes. Além disto, era solicitado que os movimentos realizados fossem feitos lenta e cuidadosamente, para que não provocassem ruídos e sons. Toda a atenção era necessária ao caminhar, usar os talheres nas refeições, as cadeiras, etc. Os sons externos eram de pássaros cantando, do vento, do mar perto dali, do sino que tocava anunciando o início das atividades.
A programação consistia de várias meditações ao longo do dia e da noite, pequenas palestras de D. Laurence, que propunha nestas ocasiões algo para reflexão, e uma missa que seria celebrada no sábado à noite.
Qualquer dúvida ou comentário acerca do que ele apresentava nas palestras deveria ser anotado no papel, para esclarecimento no domingo à tarde, na última etapa do trabalho.
A meditação usada foi a Meditação Cristã, que eu não conhecia, nem tinha ouvido falar antes, mesmo sendo praticante de meditação desde 1988. Pois bem, mergulhei fundo na proposta apresentada e a cada hora que passava sentia-me mais relaxada, serena e em paz. Eu estava ali sem pensamentos, preocupações, julgamentos, planos, ou expectativas, mas incrivelmente inteira. Sem divisões, eu era pura presença e escutava uma dimensão profunda do meu Ser.
Lamentei o término do trabalho no domingo. Gostaria que tivesse se estendido por uma semana. Percebi, contudo, que outros tiveram experiência diferente. Enquanto eu resisti a começar a falar, assim que foi dada a liberação para tal, outras pessoas dispararam ansiosas a falar coisas sem a menor importância. Para algumas pessoas o silêncio pode ser muito difícil, até assustador.
Entendi melhor o que senti diante de D. Laurence. A presença que percebi é a presença que experimentei comigo mesma quando estava em completa e total escuta do meu Ser. É a presença que nos habita, mas que só pode ser escutada quando silenciamos. E quando isto acontece, somos a presença.
Obs. A meditação é uma prática espiritual utilizada por tradições religiosas diferentes e também por algumas abordagens psicológicas, como instrumento de autoconhecimento. Não é preciso seguir uma determinada religião para fazer uso e obter benefícios da meditação.
Silenciar para escutar
Silenciar para Ser
Há alguns anos participei de um Retiro de Silêncio. Tinha assistido ao monge beneditino que iria coordená-lo, numa palestra, dias antes. Dom Laurence Freeman, o monge, me cativou imediatamente – antes mesmo de ter falado qualquer coisa. Foi impossível ficar indiferente à sua presença. Algo que senti e não há como explicar racionalmente. Sei que ali, antes de ouvi-lo, decidi que iria para o retiro. Tudo o que queria era, simplesmente, desfrutar daquela presença por mais tempo.
Da sexta-feira ao domingo, no almoço, estava proibida qualquer expressão oral por parte dos muitos participantes. Além disto, era solicitado que os movimentos realizados fossem feitos lenta e cuidadosamente, para que não provocassem ruídos e sons. Toda a atenção era necessária ao caminhar, usar os talheres nas refeições, as cadeiras, etc. Os sons externos eram de pássaros cantando, do vento, do mar perto dali, do sino que tocava anunciando o início das atividades.
A programação consistia de várias meditações ao longo do dia e da noite, pequenas palestras de D. Laurence, que propunha nestas ocasiões algo para reflexão, e uma missa que seria celebrada no sábado à noite.
Qualquer dúvida ou comentário acerca do que ele apresentava nas palestras deveria ser anotado no papel, para esclarecimento no domingo à tarde, na última etapa do trabalho.
A meditação usada foi a Meditação Cristã, que eu não conhecia, nem tinha ouvido falar antes, mesmo sendo praticante de meditação desde 1988. Pois bem, mergulhei fundo na proposta apresentada e a cada hora que passava sentia-me mais relaxada, serena e em paz. Eu estava ali sem pensamentos, preocupações, julgamentos, planos, ou expectativas, mas incrivelmente inteira. Sem divisões, eu era pura presença e escutava uma dimensão profunda do meu Ser.
Lamentei o término do trabalho no domingo. Gostaria que tivesse se estendido por uma semana. Percebi, contudo, que outros tiveram experiência diferente. Enquanto eu resisti a começar a falar, assim que foi dada a liberação para tal, outras pessoas dispararam ansiosas a falar coisas sem a menor importância. Para algumas pessoas o silêncio pode ser muito difícil, até assustador.
Entendi melhor o que senti diante de D. Laurence. A presença que percebi é a presença que experimentei comigo mesma quando estava em completa e total escuta do meu Ser. É a presença que nos habita, mas que só pode ser escutada quando silenciamos. E quando isto acontece, somos a presença.
Obs. A meditação é uma prática espiritual utilizada por tradições religiosas diferentes e também por algumas abordagens psicológicas, como instrumento de autoconhecimento. Não é preciso seguir uma determinada religião para fazer uso e obter benefícios da meditação.