MEU PAI

Sou natural de uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul, de nome Mata. Quando nasci, era apenas um amontoado de casas encravrado entre os morros. Hoje é conhecida como a "Cidade de Madeira que virou Pedra". Devido a pedaços e até troncos inteiros de árvores petrificadas. Não vou entrar no mérito da questão mas, por um trabalho de milhões de anos da mãe natureza, uma floresta, ali soterrada, petrificou. Devido a isso, minha terra natal, que era apenas um pontinho que nem os mapas do Estado mostravam, hoje se "nacionalizou" e recebe excursões de passeio e estudo de vários recantos do nosso País.

Saí de lá adolescente. Minha família tem raízes lá e, por isso, meus pais têm um terreno no cemitério local, onde, hoje, estão os restos mortais do meu pai. Faziam uns 8 anos que eu não via meu berço de origem. Essa semana passei uns dias lá. E de lá voltei com uma sensação de paz, de descanso, só possíveis em cidades pequenas. Meu pai sempre dizia:"Me visitem enquanto estou vivo. Depois não precisa". Eu, como espiritualista, vejo hoje a grande verdade contida nesses dizeres do meu velho. Mas, estando na Mata, fui visitar a última morada do seu corpo terreno. E me emocionei. Foi muito bom ver aquela foto do meu lindão! A emoção me fez verterem lágrimas de saudade e uma paz muito grande me invadiu.

Meu querido, meu velho, meu amigo desta vida, é minha alma gêmea que hoje, tenho certeza, está na Luz, ainda zelando por nós. Pois ele sempre dizia também: "Se vocês estão bem, eu também estou". Era a forma bonita e singela de demonstrar seu amor por nós. Meu pai foi o protótipo perfeito de como deveriam ser todos os pais. Apegado à família, presente, amoroso, zeloso. Um ser que muita falta nos faz, que é lembrado com saudade e carinho. Um homem de bem. Que foi sincero sempre. Que foi honesto sempre. Um homem tranquilo, na dele, simpático e, por que não dizer? Um gatão! Um homem gentil _ e, não sei se por acaso, mas esse é o seu nome: GENTIL.