Eu era POBRE!
Nasci numa família classe media, sempre estudei em colégio particular, freqüentei os clubes da cidade.
Nos fins de semana ia pra casa do meu pai encher a barriga em churrascos intermináveis, mamar latas de leite condensado, correr e brincar com meus irmãos e primos.
Em outros fins de semana brincava na praia, onde tínhamos uma modesta casa, regadas à banhos de mar, colheradas generosas de brigadeiro, muito sarnambi e caranguejo.
No colégio sempre ia bem, muitos amigos, muitas conversas, muitos trabalhos e vez ou outra o motorista a esperar na porta do colégio.
Cresci assim, sem muitos problemas, sem muito aperreio, com presentes nos aniversários e no Natal, sempre farto.
O mundo não chegava a ser cor-de-rosa, mas passava perto. E fui crescendo achando que a vida era só comer, dormir, correr e sorrir. Tudo tão lindo e mágico...
Mas um dia casei, deparei-me com filhos, casa pra limpar, estudar a noite, ter de trabalhar pra comer e dar de comer.
Alguns dias de fartura, meses de aperreio. Comia muita farinha, bebia pouca água, ficava no escuro, guardava o resto da comida no Tupperware.
Passei a sair de chinelo, de cabelo amarrado com liga, suando sempre, mas trabalhando como podia.
Melhorei desde então, mas ainda ando de chinelo, o cabelo é amarrado com uma piranha, já não dou valor a aparência, nem valor ao dinheiro como outrora, já não acho que sou melhor que os outros.
Olhando para trás, agradeço por tudo o que passei e passo e descobri o quão pobre foi a minha infância!!!
Obs.: Texto em homenagem ao homem que ensina-me todos os dias o valor do SER, que vai muito alem do TER... Ao amado de minha alma, Mauro cesar.