DIVAGAÇÕES SOBRE ESCREVER

Escrevo para não me sentir só. As palavras são para mim guia e companhia. Por elas a vida vem mais leve e é melhor compreendida. Vem decodificada.

Escrever para mim é mais do que juntar palavras por um critério sentimental ou puramente estético. Escrever é a forma que encontrei de me sentir poderoso. É o meu jeito de empunhar espada e escudo. Escrevendo consigo conquistar o mundo. Enfrentar meus monstros e escapulir de mil armadilhas.

A escrita é a minha maneira de exilar do mundo que não quero, que não permito, que não tolero. É tocar todas as coisas com luvas nas mãos. É forjar o contato sem tirar a armadura. É olhar nos olhos sem a necessidade de deitar fora a máscara.

Escrevo para me situar. Escrevo porque sinto a necessidade de ter uma opinião, uma voz, um protesto, um pretexto, um apelo. Escrever é como fazer uma oração braba, é me entender com o santo, sentir o nirvana, ser possuído.

Não sou o meu escritor preferido. Para falar a verdade, nem concordo com tudo que escrevo. Há discordâncias terríveis. Pior que isso: nem leio tudo que faço. Mas respeito o que escrevo como se respeita parto de mulher. Porque cada palavra, cada frase, cada texto são sutis tentativas de um homem querendo se libertar de seus limites.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 14/03/2010
Código do texto: T2137828