DIVAGAÇÕES SOBRE ESCREVER
Escrevo para não me sentir só. As palavras são para mim guia e companhia. Por elas a vida vem mais leve e é melhor compreendida. Vem decodificada.
Escrever para mim é mais do que juntar palavras por um critério sentimental ou puramente estético. Escrever é a forma que encontrei de me sentir poderoso. É o meu jeito de empunhar espada e escudo. Escrevendo consigo conquistar o mundo. Enfrentar meus monstros e escapulir de mil armadilhas.
A escrita é a minha maneira de exilar do mundo que não quero, que não permito, que não tolero. É tocar todas as coisas com luvas nas mãos. É forjar o contato sem tirar a armadura. É olhar nos olhos sem a necessidade de deitar fora a máscara.
Escrevo para me situar. Escrevo porque sinto a necessidade de ter uma opinião, uma voz, um protesto, um pretexto, um apelo. Escrever é como fazer uma oração braba, é me entender com o santo, sentir o nirvana, ser possuído.
Não sou o meu escritor preferido. Para falar a verdade, nem concordo com tudo que escrevo. Há discordâncias terríveis. Pior que isso: nem leio tudo que faço. Mas respeito o que escrevo como se respeita parto de mulher. Porque cada palavra, cada frase, cada texto são sutis tentativas de um homem querendo se libertar de seus limites.