Corrupção Intencional
Uma interessante pesquisa sobre o comportamento do brasileiro revelou que mais de 70% seriam corruptos, se houvesse a oportunidade de sê-los. Responderam como agiriam em determinadas situações, caracterizando assim a probabilidade de cometerem atos ilícitos se ocupassem determinadas funções.
Casualmente, em conversa com determinada pessoa sobre a economia de algumas cidades, destaco uma entre as mais promissoras do Estado. Um cidadão que estava próximo ao meu interlocutor intercede no nosso bate-papo, dizendo que cidade tal, muito menor em termos populacionais, tem uma arrecadação financeira maior, em função disso ou daquilo. O seu argumento é convincente. Diante disso, ouvi da pessoa com quem eu conversava: “Ah, isso sim. Quisera eu ser prefeito daquela cidade pelo menos por ano”.
Que me perdoem pela minha interpretação de suas palavras. Mas, pela maneira com que se expressou, só pude admitir que a sua intenção era “encher o bolso”, desviando recursos de sua real finalidade. Enquadrava-se perfeitamente naquele percentual da pesquisa. Sem mais delonga, achei por bem encerrar o papo, por não se coadunar com o caráter deste sertanejo do vale do São Francisco, cuja honradez até hoje sempre foi o meu trunfo. Espero não me contaminar com as malícias da cidade grande, onde o “ter” vale mais do que o “ser”. Prefiro a minha simplicidade, com a consciência tranquila, dormindo em paz, a possuir fortunas de origem ilícita, assustado com o “Leão” da Receita ou operações da Polícia Federal. Diante do caso mais escabroso de um governante político, merece aplausos a decisão de um ministro do Supremo Tribunal Federal, seguida de sua declaração: “Não se pode admitir que aquele que chega a maior das alturas, pratique a maior das baixezas”. Felizmente, punições inéditas até recentemente agora estão acontecendo na prática. Que o exemplo sirva ao menos de redutor do índice da corrupção intencional.