COMPUTADOR. COMPULSÃO. AGORAFOBIA.
Nada que é compulsivo causando dependência deve ser alimentado, incentivado, sob pena de rasgar os códigos da normalidade.
Esse perfil leva á submissão da vontade que tisna a inteligência elaborada e traz sombra para o discernimento maior.
Por essa escolha, cimentada e arraigada em distúrbios existenciais, não ultrapassamos o rotineiro, a visão do simplório, aquém de enxergar o todo, considerando só o superficial, ocorrente e ocorrido, é como estar na floresta, enxergar uma árvore e não sua densa mata.
É uma camada de linhagem menos nobre, sem explicar causas e processos de origem, sem ATENÇÃO, já que presente a febril compulsão, que esgota, anseia, corre, quer escopo rápido, ausente fatos despercebidos quando eram basilares, a nevralgia da origem, a definição que traz saciedade explicativa, satisfação da inteligência, agudo e profundado posicionamento.
Nada disso é necessário, suplanta a tudo a dependência. Pecando a vontade, prejudicada resta a finalidade. Permanece a primariedade do néscio.
Cuida-se de ver apequenado o passado, fragilizado, esquelético, não enriquecido o presente por suas cinzas, esvaziado pela compulsão, desmemoriada, que extingue pela sofreguidão a experiência percorrida.
Só uma dependência devemos praticar e cultivar com disciplina, afinco, a REEDUCAÇÃO DA ATENÇÃO; em suma, a meditação, nem que seja a mais rude.
Sem ela não haverá mergulho interior, caminharemos sempre “ pela rama”, superficialmente, pior, sem percebermos.
Na postura compulsiva, dependente, ficamos com pouco, quase nada, a parca e diminuta explicação, o mero observar da rolagem frenética por impulso compulsivo, primário, sob cabresto, mecânico, dirigido sem dirigir, onde a nobreza do pensamento cede mais ao instinto, à dependência.
Persiste mais a vontade de haver, incorporar a compulsão ao objetivo visado, descolorido, do que ao que se dirige a compulsão em termos de realidade.
A sombra que surge não é percebida, falta ATENÇÃO. Só se vê parte diminuta do todo, a vontade sofre de miopia crescente e vertiginosa, cada vez mais se alastra, deixando sem rumo o compulsivo que, “ "feliz”, entende estar no caminho devido, falsamente, o que mostra seus limites sedimentados.
Desponta então gravidade maior, a consciência da dependência não repelida.
O fantoche da dependência, escravo da vontade, foge da verdade, mora nas sombras.
A verdade precisa ser como o sol, longe das sombras para rebrilhar sempre.
Qual a razão dessa reflexão?
Me surpreendo com vindas diárias ao computador para participar da volatilidade antenada; enfim, as trocas necessárias ao gênero humano. Não somos sábios nem anacoretas, precisamos do convívio.
Seria uma compulsão? Está se tornando um hábito, e hábito é segunda natureza, pontificava o grande Shakespeare. Tenho esse ensinamento gravado fortemente.
Mas um bom hábito pode ser cultivado, deve ser lapidado, desde que não seja vício nem se transforme em compulsão. Desses últimos hábitos estou aparelhado para escapar.
Abomino todas as dependências!
Não posso dar nenhum passo em direção à agorafobia, estado fóbico irmão da compulsão, filho da dependência, prisão que retira a beleza da vida. Preciso estar na Ágora!
Na Ágora, como faziam os gregos, respirava-se, trocavam-se idéias “vis a vis”, conversava-se sobre tudo enfim, face a face, olhava-se a natureza e seus encantos, da mesma forma que faziam os romanos no Forum. E assim farei e permanecerei......