NIETZSCHE, O VISIONÁRIO DEPRESSIVO.

Nietzsche em sua critica livre, desconsiderando as conquistas dos valores morais maiores, tenta, repito, tenta desmistificar o bem diante da crua realidade humana.

“Severidade, violência, perigo, guerra, são valores tão valiosos como bondade e paz”, e diz a razão que entende justificada: “Ganância, inveja, mesmo ódio são elementos indispensáveis no processo da luta, da seleção, da sobrevivência. O mal está para o bem como as variações para a hereditariedade, como a inovação e a experiência para os costumes; não há desenvolvimento sem uma quase criminosa violação de precedentes e da ordem”. Se o mal não fosse bem o mal desapareceria.”

É um discurso da realidade posto que outra não foi ainda adotada e desenvolvida integralmente; a do exercício do bem absoluto.

Nietzsche nada mais faz do que ser incisivo e realista de forma fundamentalista com o que ocorre. Isto, contudo, não transforma o mal em bem. Serão sempre antagônicos, antônimos um do outro, excludentes. O fato de poderem existir em um mesmo plano não os torna coincidentes, nem passíveis de serem colocados sob um mesmo conceito por emanarem da vontade, ou seja, de uma mesma fonte.

Defende assim o filósofo a libertação das imposições da moral e da religião através do pensamento científico. Para isso, passou a questionar os valores morais ao descrever suas origens e história.

O bem e a moral que dele decorre, foram definidos como negativos pelo filósofo, porque levam à negação da vida.

Se avaliarmos as sociedades pelos padrões de conduta praticados, veremos as que mais absorveram as normas em prol do bem ditado em suas regras (legislações), resultarem melhores em todos os sentidos em oposição as que assim não procederam.

E toda essa contestação do filósofo polêmico encontra barra enérgica, lógica e inquestionável, pela inteligência do Cristo quando posta em prática.

Como é possível o ódio ter o mesmo peso que o amor? O mal e o bem caminharem juntos?O homem surgiu para viver em paraíso de delícias, o Éden. É a mensagem da criação revelada pelo Gênesis. E ordenou o Criador que cultivasse e guardasse o paraíso, determinando que se afastasse o homem da árvore da ciência do bem e do mal.Começava aqui a marca da supressão da inocência pelo ato de escolha, a ruptura da delícia de viver em um paraíso, sem necessitar do trabalho, de existir na plenitude da humanidade, doada sem maiores exigências. E o homem inaugura o caminho que embaraça a humanidade até hoje; ficou com o mal na opção pela árvore da ciência que, felizmente, ainda pode ser salva no avanço para a perfeição perdida.

"Por que você se assusta? O que acontece para a árvore, acontece também para o homem. Quanto mais deseja elevar-se para as alturas e para a luz, mais vigorosamente enterra suas raízes para baixo, para o horrendo e profundo: para o mal." - Friedrich Nietzsche

É A HIPÓTESE DO ABSURDO DE NIETZSCHE!

Estamos diante da didática do erro. A árvore que ganha altura precisa de maior base, mais se enraiza, isto não se assemelha a ir ao encontro do mal, mas ao encontro de se fortalecer para mais crescer. Da mesma forma que o homem que busca alturas espirituais se introverte e se aproxima mais do silêncio, de seu interior, de suas raízes, de seu Deus; e o faz para crescer espiritualmente.

Incrivelmente falsa a proposição do filósofo!

A noção de opostos não os faz iguais. Conhece-se a beleza, o alto, o certo, o honesto, o sincero por existirem seus opostos.

Nietzsche sente prazer sádico de ver o mal passeando pelo mundo bem como a crueldade, e afirma que “a crueldade constituiu a grande alegria e o deleite do homem antigo”.

Não considerou ter melhorado o homem com o passar dos tempos.É cruel, o filósofo, e até primário com a coletividade, com o homem comum, quando dá roupagem ao seu “Super-homem”, em quem deve investir-se exclusivamente.

Para ele a moralidade jaz na força e não na bondade. Seria assim o “Anti-Cristo” seu super-homem. O objetivo do esforço humano, diz o filósofo, não deveria ser a elevação de todos, mas o desenvolvimento dos mais perfeitos e fortes indivíduos.

Não o gênero humano, mas o super-homem é a meta. O alvo deve ser não a melhoria e felicidade da massa, mas o melhoramento do tipo. “Melhor que as sociedades se extingam do que tipos de eleição deixem de aparecer”, afirmava.Estamos, portanto, diante dos opostos que alguns querem negar, como se o bem e o mal fossem uma só coisa. A inteligência do Cristo é a total oposição aos conceitos do filósofo que atacou o cristianismo por ter dentro de si muito dessa fé.

Seu pai fora ministro e pertencia a uma longa linhagem de clérigos. Ele próprio foi pregador.

Sua mãe, como a de Kant uma puritana, uma senhora das mais piedosas. Nietzsche permaneceu piedoso, puritano e casto até o fim, daí seu ataque ao puritanismo e à piedade.

Sua filosofia foi uma tentativa para contrabalançar em profunda contrariedade uma inclinação sua, fortíssima, para a bondade, a suavidade e a pacificação. Não fora em vão que os bons homens de Gênova o chamaram “O Santo”.

Alguns acham ter sido um insulto lançado com mordacidade. Mas em sua filosofia estava presente a antítese da inteligência do Cristo, embora ele tenha dito que muitos anglicanos, luteranos e católicos renunciavam por lógica à teologia, mas não renunciavam ao cristianismo.

Nunca é demais na emissão de conceitos exercer a prudência, muito mais quando de cunho filosófico que interessa a todos, mesmo nos idos do século em que engatinhava ainda a nova história com as liberdades públicas conquistadas então, principalmente sendo como era Nietzshe um estudioso de Zaratrusta.

“A Prudência é uma rica, feia e velha donzela cortejada pela Impotência", dizia William Blake.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 12/03/2010
Reeditado em 12/03/2010
Código do texto: T2134612
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