A Liberdade dos Pássaros II
Pela honrosa manifestação de solidariedade dos leitores, ao perceberem o meu sentimento misto de alegria e tristeza, volto ao assunto dos meus amados papagaios. Alegria pela saudável convivência com eles e tristeza por sentir-me carcereiro deles. Para compensar, ofereço-lhes o melhor tratamento possível na relação homem/animal, assim como ocorre com os cães. Nunca cortei suas asas, como muitos o fazem, sob o pretexto de eles não fugirem. Eles próprios não se deram conta de que têm a capacidade de voar. Passando a conviver com os humanos, ainda quando filhotes, houve um condicionamento tal que somente por meio de um susto eles se utilizam de suas asas para mudar bruscamente de lugar. O aprisionamento não tem mais a finalidade de evitar a fuga e sim de protegê-los de eventuais predadores, como os gatos que vivem soltos
por aí. Pelo fato de com eles já ter morado em quatro cidades diferentes, senti a necessidade de legalizá-los junto ao IBAMA, a fim de que, ao transportá-los, não fosse visto como traficante de aves ou pássaros, mas seu zeloso dono. Portanto, não são clandestinos, têm certificados, têm identidade, são meus tutelados. Nunca tive apego às coisas materiais, mas tenho aos meus papagaios que são seres vivos, que se alegram com a minha presença. Se não aprendem, imitam. Isto eles fazem bem. Cantam e dançam acompanhando meu ritmo. Não há como não estabelecer uma relação de amor. Choraria por eles se, por qualquer motivo, tivesse da haver uma separação. Faria tanto quanto o saudoso Presidente Jânio Quadros que, chorando copiosamente ao enterrar o seu cão “muriçoca”, alguém o criticou por tamanho sentimento pelo animal. Ele então respondeu: “este foi o meu maior amigo, acompanhou-me no exílio, enquanto vocês me abandonaram”.