PRA VIDA TODA
Vejo o céu e um azul puro, como de outros dias, toma conta do que parece um infinito.
Caminho sempre sem pensar em que destino me espera.
O céu, o sol, poucas sombras, muito som - som de mundo: de bagunça, de esperança, de desejo, de medo, de amor, de sofrimento, de miséria, de piedade e compaixão, alguns de "nem-aí"!
Ouço!
O suor escorre em minha pele e nada é ruim...
É tudo tão lindo que chego a esquecer que há descrença por aqui, tão perto.
O céu até parece cantarolar alguma melodia sem sentido, mas já não há sentido em nada mesmo.
O asfalto atropela meus pensamentos e eu brinco com isso, rio alto, gargalho, vou fundo, me enfrento, cambaleio, caio, levanto, arrisco mais um passo e deixo que me atropele mais uma vez.
Há quanto tempo não vejo o dia tão lindo assim?
As nuvens apressam-se na passagem, acho que elas não querem perder o azul do céu nem o brilho do sol. Dividem-se em delicados floquinhos - brancos, muito brancos! - e passeiam rapidamente pelo azul do maravilhoso céu.
Pensando bem, pensando muito bem, se o dia estivesse completamente nublado, se as nuvens estivessem, digamos assim, gripadinhas, eu ainda veria tudo claro.
O mais importante de tudo é que em meio a qualquer tempestade que venha a cair, qualquer daqueles tristes sons do mundo que venha me invadir (ou evadir), que o asfalto me atropele, que os dias me façam porvir, nada importa. Já me decidi!
Eu escolhi mesmo ser céu azul!
Caminho tão sem fim...