Homem-Aranha
Terça-Feira, 19 de Novembro de 2009.
Vou eu tomar um banho para ir trabalhar quando me deparo com uma barata dentro do Box.
Ok, não tenho medo de barata. Uns pontapezinhos de leve (pra não machucar a criatura) com a ponta do chinelo e a dita cuja retira-se do banheiro para eu ter mais privacidade.
Ligo o chuveiro, dou aquela ensaboada básica e fico um tempo lá embaixo da ducha pra molhar bem a juba antes do shampoo. Aí eu sinto uns arranhõezinhos na parte de dentro da perna.
"Que ótimo!" pensei. "A barata voltou... agora eu mato!".
Antes, claro, eu tive que tar uma mãozada no bicho para que ele caísse no chão. E para a minha surpresa não era uma barata, era uma aranha! Essa da foto aí de cima mesmo.
Senti uma ardência na mão direita, mais precisamente na lateral do dedo polegar. Era o veneno começando a fazer efeito. Achei até que fui agraciado com um pouco de sorte. E se ao invés de no dedo, a picada fosse... lá?
Não pude deixar de imaginar a situação ridícula de chegar num hospital com o pinto mordido por uma aranha, ter que explicar a situação toda para curiosos, recepcionistas, enfermeiros, médicos e ainda por cima levar umas agulhadas em volta dele inteiro pra fazer um bloqueio anestésico...
Deixando o cartesianismo de lado e voltando ao ocorrido:
Com a mão picada, a cabeça fria e o coração acelerado, chamei por minha mãe e meu irmão para me ajudarem (meu pai estava viajando). Na minha cabeça, eu poderia vir a desmaiar a qualquer momento (e como tomo banhos de no mínimo meia hora, calculei que se isso ocorresse ia demorar um bom tempo até notarem que eu estava demorando).
Nem minha mãe e nem meu irmão me ouviram. Saí do chuveiro, me sequei porcamente (o banheiro ficou todo molhado fora do box) vesti uma roupa e os avisei.
Aí foi aquela correria...
Lembrei que é sempre recomendável capturar o animal peçonhento que te atacou e levar para o hospital a fim de que o médico o identifique e possa administrar o tratamento apropriado. E como minha mãe e meu irmão estavam mais nervosos do que eu com a situação (é sempre assim quando ocorre uma dessas), adivinhe quem teve que entrar novamente no box do banheiro para capturar o espécime? Sim, este que vos escreve!
Olhando atentamente para minha carrasca já dentro do vidro, a identifiquei (erroneamente) como sendo uma Aranha Armadeira, a mesma que originou um e-m@il (que você já deve ter recebido) onde vemos uma mão necrosando em poucos dias após a picada.
"Puxa vida, justo na mão direita, vai apodrecer a que eu uso mais..." pensei enquanto meu irmão dirigia para o Pronto Socorro. O alívio veio em forma de outro pensamento: "Bom... ainda bem que foi na mão!"
Já no Pronto Socorro, enquanto a médica realizava os procedimentos cabíveis ao caso, a aranha foi identificada como sendo uma Aranha da Grama (Lycosa erythrognatha), não mortal e praticamente inofensiva. Só picou para se defender da patada que dei nela. Mas quem mandou estar na hora errada no lugar errado?
A parte irônica da coisa é que eu sempre criei Aranhas Caranguejeiras em casa, por muitos e muitos anos, e nunca fui mordido antes.
Outro detalhe, eu ia trabalhar naquela noite, mas de dia recebi um telefonema e tentei trocar de plantão, o que não foi possível na hora e acabou acontecendo depois. Vai ver a intenção da Lycosa erythrognatha, no fim das contas, era das melhores possíveis!
Quanto a ela... bem, como eu raramente sou de guardar rancor pretendia criá-la (meu aquário anda vazio ultimamente), mas devido as ameaças de esmagamento que o Bicho Detestável (segundo minha namorada) vinha sofrendo, optei por coservá-la morta (porém intacta) num vidro com formol, um souvenir bizarro.
A noite, umas quatro ou cinco horas depois da minha saída da observação do Pronto Socorro, meu dedo ainda estava dormente da anestesia e mesmo assim eu sentia fisgadas no lugar da picada.
Já fui atacado antes por abelhas, marimbondos, mamangavas. Fichinha. Aranha dói mesmo viu, e pela escala ainda faltam os escorpiões a as cobras...
Ainda tive que tomar uns antiinflamatórios e antialérgicos por uns dias. E aguardei ansioso pela aparição dos "efeitos colaterais" imaginados por Stan Lee até que me dei conta que a "minha" aranha não era radioativa ou alterada geneticamente...
Pena!