Anos 80

Apesar de muitos dizerem que, os anos 80 foi a década perdida por causa da altíssima inflação, mudanças profundas vinham acontecendo em todas as áreas.

Na política estávamos saindo do regime militar, tendo direito a voto e nos preparando para grandes decisões, como em 1982, eleições diretas para governador, embora ainda não para presidente (Diretas já), posteriormente a de 1993, quando decidimos se seríamos uma monarquia ou república. “Eu vejo a vida melhor no futuro”.

Ainda tivemos o primeiro Rock in Rio, Nelson Piquet tricampeão de F1 e outros grandes acontecimentos.

Saudosos anos 80, uma verdadeira festa com entrada vip, onde rolava muitas músicas boas cantadas por bons músicos.

Sem microcomputador, internet, telefone celular, CD e MP3, a informação era menos acessível. A televisão acabava de entrar na era dos vídeo-clips e as bandas de sucesso tocavam e apresentavam-se em programas de auditório como o Cassino do Chacrinha.

Rolava de tudo, difícil descrever, por exemplo, a loucura que era a apresentação dos Titãs, com seus oito integrantes se espalhando pelo pequeno palco em performances alucinantes, em meio à gritaria do auditório, estripulias do Chacrinha, toques de sirene e requebros das chacretes.

O Rock in Rio I, ocorrido em janeiro de 1985, ajudou a disseminar o surgimento de bandas que apareciam por todas as bandas, de qualidade ou não. Mesmo não fazendo parte de suas atrações, os grupos Titãs, Legião Urbana, Ultraje a Rigor e RPM consolidaram o sucesso após o festival, o qual ajudou, também, a alavancar a carreira de grupos que já se destacavam, como Kid Abelha, Blitz, Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho, este último protagonista de um de seus melhores momentos, quando Cazuza cantou, abraçado à bandeira brasileira, “Pro dia nascer feliz”. Era o dia da votação que elegeria Tancredo Neves presidente da república.

A festa no Brasil estava rolando solta, mas os jovens de então depararam-se com um vírus desconhecido, a AIDS, e esse maldito virus levou muitos dos nossos grandes astros, dentre eles, Cazuza e Renato Russo que fizeram belas poesias e poderiam ter feito muito mais se o destino não tivesse sido tão cruel.

A certeza de que a década, ao menos em relação à música, foi maravilhosa, vem quando escutamos Gal Costa, Caetano Veloso, Ney Matogrosso e Luiz Melodia cantando Cazuza, Chico Buarque cantando com Paula Toller, Tom Jobim com Marina Lima e Gilberto Gil cantando e compondo com os Paralamas do Sucesso, assim como exaltando o que acontecia na época. Enfim, podemos gostar desses expoentes da nossa geração sem romper com nossos grandes e insubstituíveis ídolos, os mesmos de nossos pais.

Graças a tudo isso e todas essas pessoas, roqueiro brasileiro deixou de ter cara de bandido e passou a ser ídolo, com toda a pompa que merece.

Vannessa Adryanna
Enviado por Vannessa Adryanna em 12/03/2010
Reeditado em 19/05/2010
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