Mr. C - A moça e o piano
Tenho essa paixão, como todos os outros sentimentos que tenho pela música. Apesar de não enetender nada sobre ela.
Assim como nunca vou entender tantas outras nuances do mundo. E agora, não acho mais necessário.
O jeito como ela delicamente puxa o banco, senta à mesa e sorri para o garçom, é algo inexplicavelmente belo.
Lá fora apenas um chuvisco. Nada tão sério.
Ela coloca sobre a mesa vários livros, papeis um pouco molhados e da bolsa tira um livro.
Estou apenas olhando, discretamente espero. Sem querer, me apaixonando.
Suavamente ela reclina sobre os cotovelos, observando a chuva. E seus dedos dançam em sua bochecha.
Não está impaciente. Apenas esperando, por algo que ainda não sei.
Confundido com meu jornal e meu café, espero que ela não me perceba.
Então, a chuva finalmente aparece, barulhenta e explendorosa.
Há muito tumulto ali, muitas pessoas correndo para a lanchonete afim de fugir da desagradável sensação de "pinto-molhado".
Ela se delicia com a situação. Também não sei porque, mas aquele sorriso contornado de batom suave e brilahnte é fascinante.
Nem cabe aqui os adjetivos.
Uma melodia invade o ar. Tão leve e agradavel que não me desperta.
Era só o piano. Era agradável. E casava perfeitamente com a visão dela. Parecia mágica. Ou alguma coisa desse tipo, que não existe mais.
Porque as pessoas não areditam mais. Ou não se preocupam mais em pensar a respeito.
Parecia perfeito, seu cabelo loiro como fogo, encaracolado, meio preso, caindo um pouco sobre o rosto, seu sorriso misterioso e sua espera sem fim, ao som daquele piano.
Foi quando me dei conta, era meu celular me avisando que estava atrasado para um compromisso.