O GARIMPEIRO E O ESCRITOR

Não é nada fácil garimpar. Ser garimpeiro é uma arte. Andar à cata de metais preciosos é exercício demasiadamente exaustivo. Escavar a terra, separar a sujeira, identificar em meio ao lodo uma pedra brilhante, de extenso valor material. Sacrificante. Porém, toda profissão tem sua compensação, seu brilho, sua razão de ser. Quem nasceu para o garimpo, certamente ama o que faz. A compensação do abnegado trabalhador é contemplar a beleza que lhe surge diante dos olhos. Surge então, o ápice, o auge, a glória, a conquista.

Não é nada fácil escrever. Certamente, surgirão controvérsias aqui, afinal qualquer um de nós pode escrever sobre qualquer assunto, expressar - se da forma que bem entender. Uma explicação desfaz a polêmica.

O sentido do verbo escrever, para quem tem alma de escritor, é muito mais amplo que simplesmente apanhar uma caneta e distribuir palavras, formando uma frase, dotada de lógica, ou criar duas ou três estrofes, criando um poema. O trabalho de um escritor ou de um poeta, (porque nem todo escritor é poeta) transcende os limites de tudo aquilo que podemos enxergar ou tocar. Essa é a magia de escrever. O escritor trabalha na linha tênue, localizada entre os sentidos e as emoções. Nós, os homens (e mulheres) da palavra, criamos emoção, formamos opiniões e imagens na mente do leitor atento. Estimulamos o raciocínio, a busca, a descoberta da essência da vida.

Escrever é simples assim. E embora trabalhoso, o ofício do escritor tem o ápice do prazer, quando o mesmo se sente tocado por aquilo que escreve. Nossa maior alegria não é ter a poesia, a crônica ou o artigo mais lido na história da humanidade. Nossa alegria é sim, sentir que o que fazemos tem um sentido, um fundamento, um objetivo.

A palavra é a pedra preciosa do escritor, assim como a pepita é a joia do garimpeiro.

E seguimos a trilha. Escrevendo, traduzimos sentimentos, expressamos vontade, tocamos corações e sobretudo, garimpamos nossos pensamentos, buscando encontrar o diamante: a rara beleza da palavra bem escrita.

Marcello Santos
Enviado por Marcello Santos em 11/03/2010
Reeditado em 11/03/2010
Código do texto: T2132965
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