ATROPELADOS PELA TECNOLOGIA

ATROPELADOS PELA TECNOLOGIA

Os afunilamentos da ciência mostrando-nos os contínuos aprimoramentos em todos os sentidos; os aperfeiçoamentos dos artigos de consumo da sociedade; as novas descobertas de todos os dias que rumam para a saúde do corpo humano; a sofisticação sempre maior da tecnologia de áudio, de vídeo e da proteção antivírus; as facilidades de navegação na internet e de uso das operações, as mais simples e necessárias, como o próprio “entender” e “falar” com a máquina que nos faz (dependentes) independentes e práticos ao usá-la. Enfim, tudo aquilo que nos grita aos olhos, aos ouvidos e aos sentidos que já existem artigos na mesma linha de consumo com dez anos luz de vantagem quanto à praticidade e o mais fácil manejo para obter os resultados desejados.

Toda essa parafernália que nos atropela alucinantemente em nosso caminho de aprendizado do uso correto dessas “novidades”, é útil e necessária, mas, atrapalha mais do que ajuda, em se tratando de informática – o prato quente e saboroso do dia – da culinária ultra moderna da sociedade mundial. Acontece, porém, que os usuários dessas ferramentas de trabalho e de lazer, que a sociedade adotou como “brinquedinho” de crianças e adultos, confundem as mentes que a adotam sem ter outra informação lingüística senão o nosso bom e correto português brasileiro. A linguagem nos é estranha quando a coisa que temos necessidade de entender para tal ou qual operação, é apresentada em outro idioma. Mesmo que largássemos tudo e fossemos para uma sala de aula onde se ensina o idioma inglês para, depois, falando e entendendo corretamente essa língua, nos enfronharmos nos labirintos do computador, mesmo assim, não estaríamos protegidos pelos antivírus dos filhos do “tio sam”. Suponhamos que, pelas voltas que o mudo dá, a briga pela sofisticação eletrônica entre Japão e Estados Unidos fosse vencida pelo Japão. Todos os programas que hoje tem o timbre inglês adotariam o japonês, certo? Lá iríamos nós largar tudo novamente para adentrar uma sala que ensina o japonês para aprender essa língua e, depois, entender novamente nossa tão querida e útil máquina.

Em se fabricando números ao acaso (imagino que sejam mais ou menos condizentes com a realidade em números percentuais) teríamos os seguintes: posto que a porcentagem de usuários desse instrumento de trabalho e de lazer gira em torno dos 90% do povo brasileiro, desses 90%, a metade seria de crianças, estudantes e jovens trabalhadores, com algum conhecimento da linguagem usada para o correto desempenho das ferramentas que a máquina concebe em termos de operacionalidade. Sobrariam 45% (dos usuários), dos quais a metade, suponhamos, sejam técnicos na área, mais as pessoas perfeitamente entrosadas na matéria. Mas, nesses números, notamos que há 22,5% de excluídos. Pessoas que já ultrapassaram a barreira dos 50 anos, mas, mesmo sem conhecimento técnico e da linguagem empregada, são usuários, como eu, por exemplo. Esses “velhos”, amigos das novidades da tecnologia (louvável entrosamento), mas que acham muita areia para seu caminhãozinho ter que aprender inglês para manusear seu “brinquedinho”, ficam à deriva quando se trata de entendê-lo.

“Isto posto” (parafraseando termos jurídicos) e para o bem dos “velhinhos” e de idosos com ideias jovens, faz-se necessidade URGENTÍSSIMA, vencer as barreiras comerciais impostas pelos usurários donos da cibernética. Disso decorrente nascerá a criação de programas em língua pátria, por técnicos brasileiros que dominem nosso idioma, não dando, assim, azo a que, as poucas coisas existentes no sistema em português, ainda o sejam nesse arremedo dos textos traduzidos do inglês.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 11/03/2010
Reeditado em 11/03/2010
Código do texto: T2132458
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