MANOS
Eles eram muito unidos. Eram gêmeos, mas por ironia do destino o irmão teve problemas de saúde e faleceu. Gêmeos de um casal. Eles completaram vinte e um anos, entraram na maioridade, porém não puderam desfrutar desse direito tão sonhado, veio a doença e o levou. Ela se sentia numa grande angústia. Não tinha mais o seu companheiro das alegrias e das tristezas.
Ela olhou para aquela lua linda, com brilho de prata e começou o seu monólogo:
- Mano, tenho certeza que se você estivesse aqui já teria me confortado.
- Sabe, Mano, do que estou sentido falta: de um porre. Sei que já teria virado vários copos e teríamos rido, conversado e chorado... principalmente ter colocado pra você todas as minhas mágoas e você teria feito aquele carinho em mim, que só você sabia fazer...
- Por que você teve que partir?
- Quem será meu companheiro, agora? Só você entendia minhas loucuras... não posso ser mais louca... não tenho tempo e nem liberdade pra isso.
- Mano, cansa ser normal... cansa ser cumpridora de ações... cansa ...
- Eu queria ter você aqui, pra deitar no seu colo e sentir seus carinhos e ouvir seus conselhos (ou suas loucuras... até disso, mano, sinto falta).
- Mano, está ficando tudo diferente... será que eu aguento?
- Mano, me leva para um caminho sem rumo...
- Mano, simplesmente, me leva...
Gildênia Moura
20.05.2008