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Crônica da Pré-maturidade (18 anos)
 
 
 
      Já nascera atenta a tudo à sua volta, com os arregalados olhos perscrutando o novo e súbito ambiente, como que tentando entender o que tinha acabado de se passar. Para ela tudo se desenrolaria muito rapidamente: do primeiro fonema “uf”, que designaria o som da chuva até a frase de perfeita construção verbal, precocemente dita: “mamãe, quero fazer xixi”, seria apenas um pulo. Logo caminharia agilmente sem ajuda e traria um certo espanto a profissionais da fonética, com a sua surpreendente evolução lingüística. Tanto que conservaria esta enorme habilidade verbal, recebendo a nada elegante alcunha de “bocão” em algum período escolar, por frequentemente atropelar o falar do próximo. Tornar-se-ia relevante salientar que tal característica se perpetuaria, talvez com algum grau de amadurecimento, de forma a permitir uma melhor comunicação entre seus pares.
 
     Porém, o desenvolvimento físico tardaria a surgir, o que acabaria por gerar alguma ansiedade; afinal, seria a última da turminha a trilhar o caminho da puberdade e a atrair a atenção do sexo oposto. Mas como a natureza tarda, mas não falha, ao desabrochar o faria com tal rapidez, que surpreenderia a todos em volta. De criança imatura, inúmeras vezes defendida por colegas de maior envergadura, logo se transformaria em influente liderança, sempre a postos para organizar os grupos de estudo ou as inesgotáveis aventuras de fins-de-semana, além de se aventurar nas primeiras incursões amorosas, estas por bem incapazes de desviar seu foco, em relação aos objetivos pré-traçados por sua privilegiada mente.
 
     A cidade interiorana então se revelaria pequena demais para a sua necessidade de expansão e de maior conhecimento: precisaria enfrentar novos desafios; conheceria novas idéias e pessoas; mudaria de ares e de lugares; aprenderia a melhor economizar seu pequeno capital, não o desperdiçando com futilidades, tais como as latas de “Nescau” ou de leite condensado. Daria um jeito de se virar longe de casa, mesmo que sob o olhar e ouvidos atentos dos pais, ainda que distantes; afinal, traria consigo a sábia qualidade de se reportar aos seus ascendentes, à procura de orientação, embora habitualmente tais orientações fossem objeto de intermináveis questionamentos. Questionaria sim, mas findaria por se render à luz do bom senso e seguiria seu caminho em paz. Querida por todos os que a acolheriam, dada a sua simplicidade e companheirismo, mesmo que o hábito incessante de alisar o cabelo com as mãos se convertesse em motivo de desassossego para algumas almas...
 
     A vida é realmente muito interessante: um roteiro escrito pode copiar uma existência, mas não podemos traçar o caminho de alguém, mesmo que esse alguém seja para nós tão presente como um braço ou uma perna (nossos). Se nos ativermos um pouco ao desenrolar de nossas próprias vidas e olharmos para trás, nos deparamos com uma história semelhante: fizemos nossas próprias escolhas, uns mais acertadamente que outros, talvez motivados por diferentes circunstâncias ou pessoas nas quais nos inspiramos: é o seguir da vida, desde tempos imemoriais.
 
    Aos 15 anos tudo podemos, conforme já analisamos antes em outra crônica, mas aos 18 devemos dar ares concretos à viabilização dos nossos sonhos; prematuramente, é verdade, uma vez que não temos ainda a experiência desejada, mas plenamente confiantes em nossa capacidade de realização. O futuro ainda está para ser criado e as possibilidades são infinitas!
 
     Que Deus te proteja... E que possas viver imensamente feliz ao construir o teu sonho!
Max Rocha
Enviado por Max Rocha em 09/03/2010
Reeditado em 09/03/2010
Código do texto: T2128624
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