LIÇÃO DO VELÓRIO-és pó
LIÇÃO DO VELÒRIO
Cerca de 10 anos, quando comecei a escrever, usando a simples técnica de escrever como falo, sobretudo sem preocupação com o vernáculo e a critica, descobri-me realmente inspirado. Diariamente tinha assuntos para tratar, ou melhor, escrever, seja através de crônicas, artigos e poesias, estas últimas preferencialmente porque posso expor de.maneira generalizada minhas opiniões, usando poucas palavras e assim me integrar à vida corrida da atualidade, presumindo encontrar leitores com tempos disponíveis para me ler.
Entre os muitos assuntos que debati, há um que, creio eu, veio comprovar minha concepção: É a divisão, também, dos períodos de idade de 7 anos, ou seja, a alteração que sofremos psicologicamente dentro desses na transição dessas etapas, devendo de antemão salientar que não ocorre não escala rigorosa porque o tempo estabelecido por Deus, claro, não coincide com o determinado pelo homem.
Eis que ao completar 12º período de 7 anos, ou seja 84 anos, senti que sofri um abalo substancial na minha personalidade, o que me deixa triste porque de uma criatura altamente otimista e sempre abrindo a janela da vida para nova primavera, hoje, além de perder a capacidade de escrever, mesmo poesias, me faltar total inspiração. A vida está me trazendo um sentimento pessimista, idéias confusas, deixando minha mulher, uma pessimista contumaz, reclamando porque eu estou seguindo sua trilha.
No dia 19 do mês p.p., meu único irmão vivo, mais velho do que eu 2 anos, faleceu repentinamente. No velório, comentei com a viúva e sobrinhos, uma conversa que no mês anterior tivera com ele. Sorrimos muito junto, porque ambos sofremos perda acentuada de audição. Na conversa, sorrimos nos lembrando de nossa mãe falecida a 15 anos e que também praticamente perdera a audição. Como minha mãe, meu irmão era um jogador de bicho inveterado e depois começou com idéias mirabolantes de tirar um bolão da mega-sena com o objetivo de “salvar a família” das aperturas.
- Ele me dizia? Negão, vou tirar a mega-sena e vou te ajudar sem duvida nenhuma.”
- Respondi-lhe: Negão, (ambos nos tratávamos assim), independente de tua ajuda, quero te dizer que te amo muito e tenho muito orgulho de ser teu irmão. Quero te lembrar de uma coisa: Nesta altura da vida, quando estamos em contagem regressiva, deveremos nos preparar para a morte porque quanto a vida já fizemos o que tínhamos de fazer.
Realmente, pareceu-me no velório que havíamos nos despedido naquela ocasião. Foi uma dor muito grande para mim.
Naquele velório vi desfilar sobre minha mente o verdadeiro sentido das palavras de Jesus: “És pó e ao pó voltareis!” Sobre o caixão que o levou para a cova fria e a mercê dos vermos, se resumia sonhos, ilusões, fé, vaidade, orgulho, etc.etc. e assim acontece a todos nós nesse vendaval de emoções e comoções que é a vida de cada um de nós. Seja, rico ou pobre, nobre ou plebeu. A indumentária corporal se resume a pó. Creio, como espiritualista e como sempre deduzi tendo com exemplo as sementes, que todos que não cuidam do espírito, fatalmente se tornarão pó, contudo, como a boa e sadia semente, voltará a dar frutos. Para bom entendedor, meia palavra basta.