Meu filho, um artista.

A professora chamou a mãe na escola e avisou que o filho necessitava retornar uma série porque ele tinha sérios problemas de coordenação motora grossa. A mãe, não acreditou no que ouviu. Pois o filho não apresentava nenhum problema quanto às notas. Resolveu mudá-lo de escola. E nas primeiras primeiras semanas, apreensiva, esperou ouvir da nova professora o mesmo veredito: seu filho necessitava retornar uma série para amadurecer. Como a professora nada comentava, a mãe, ainda na dúvida se deveria atender à solicitação da outra mestra, resolveu perguntar se seu filho apresentava alguma dificuldade em acompanhar a turma nas várias atividades escolares. A educadora mostrou-se surpresa com a pergunta da mãe alertando-a de que o aluno era excelente em todas as propostas em sala de aula e muito comunicativo com os colegas de classe. Abrindo um sorriso de canto a canto, a jovem mãe sentiu-se aliviada em ouvir aquelas palavras tão agradáveis a seu ouvido. E não pensou mais no assunto. No entanto, quando o filho teve dificuldades em aprender a andar de bicicleta enquanto os irmãos menores rapidamente pedalavam sozinhos, ela sentiu-se incomodada com a situação. Apesar disso, deixou que o menino permanecesse na série em que estava matriculado, esperando que de uma hora para outra algo viesse aparecer comprovando as palavras da antiga professora.

E os dias se passaram. Chegou o final do ano letivo e como trabalho de conclusão cada criança deveria pintar um quadro para entregar aos pais. A mãe aguardava à porta da escola. Enquanto isso observava as outras crianças que vinham alegres com suas criações nas pequenas mãozinhas. Notava que apesar de pouca idade elas conseguiam produzir desenhos interessantes e bonitos. Quando o filho chegou com seu trabalho ela aguardava algo parecido. Mas, para sua surpresa, foi difícil decifrar o que o garoto queria dizer com aquela pintura que mais parecia um borrão e intimamente achou horrorosa. Sem perspectiva e mesmo sem saber exatamente o que estava ali retratado. Tentou, no entanto, imprimir alegria a seu julgamento dizendo: "Que coisa bonita meu filho!". Um zelador do colégio onde a criança estudava, observava toda a cena e discretamente chegou perto da mãe dizendo: "Mãe, o desenho está de cabeça para baixo, vire a folha que a senhora entenderá melhor."

Muitas vezes nossa ansiedade diante do que projetamos para nossos filhos não nos deixam ver toda a criatividade que eles têm dentro de si e precisamos que pessoas de fora nos mostrem essa verdade. Pense nisso!